A falta de arrojo da UE será o seu fim

Os países europeus, de maneira mais ou menos concertada, forçaram medidas de isolamento que parecem estar a dar frutos na contenção da pandemia. Que não consigam partilhar os enormes custos dessas medidas é um sinal de fraqueza institucional que vai corroer a UE por dentro.

Nos últimos dias de 2018 escrevi no PÚBLICO um texto intitulado “2019, um ano perigoso”, que terminava com um apelo à participação no debate político desse ano, no qual elegemos os parlamentos nacional e europeu. Pedia “que este debate se centre na discussão das políticas que queremos ter para diminuir a polarização da sociedade e preservar a democracia” e depois explicava “que soluções eficazes só se podem implementar à escala europeia”. Não, não adivinhei que vinha aí uma pandemia sem precedentes no século. Aliás, enganei-me rotundamente porque disse que 2019 ia ser “o ano da Grande Rutura do nosso sistema de mercado, político e diplomático”. Afinal era 2020. Mas esse artigo deixava claro que para lidar com os grandes desafios do nosso tempo só a Europa nos podia valer. Acontece que temos agora o maior desafio de todos, e a União Europeia não se tem mostrado de grande utilidade. Enganei-me de novo. 

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