Trump ameaça cortar financiamento à OMS por ser demasiado “centrada” na China

O Presidente dos EUA fez eco das suspeitas lançadas sobre a agência de saúde pública da ONU por outros políticos do seu partido nos últimos tempos, no meio de uma pandemia.

Foto
Donald Trump lançou a suspeita sobre a OMS, tal como outros políticos do Partido Republicano LUSA/JIM LO SCALZO

O Presidente americano atacou a Organização Mundial de Saúde (OMS), criticando a sua acção para conter a disseminação do novo coronavírus, e acusou esta agência das Nações Unidas de ser demasiado “focada na China”. Por isso, ameaçou cortar o financiamento dos Estados Unidos à OMS no meio da pandemia de covid-19 – embora tenha recuado um pouco momentos depois. 

O primeiro ataque do dia foi feito no Twitter, como é seu costume. “A OMS estragou tudo. Por alguma razão, é financiada em grande parte pelos EUA mas é muito centrada na China. Vamos dar uma olhadela a isso.” Mais tarde, na conferência de imprensa diária sobre a pandemia de covid-19, Trump atacou jornalistas e autoridades estatais, mas o recado mais importante voltou a ser dado à OMS.

“Vamos suspender o dinheiro gasto na OMS. Vamos meter um forte travão nisso.” O orçamento para 2019 da OMS foi de cerca de 6000 milhões de dólares. O New York Times conta que os Estados Unidos contribuíram com cerca de 553 milhões. Durante a administração Trump, os EUA cortaram no financiamento à ONU, e a várias das suas agências, como o Fundo das Nações Unidas para a População, ou a abandoná-las, como aconteceu com a UNESCO.

Estas acusações de Trump repetem um discurso que tem sido veiculado nos últimos tempos na televisão Fox News, um canal conservador norte-americano, por várias figuras do Partido Republicano. Os Estados Unidos, por seu lado, têm resistido a pressões de outros países para aliviar sanções económicas ao Irão, para ajudar a combater a pandemia naquele país, um dos mais afectados pela crise de saúde.

Não é claro se Trump vai mesmo seguir em frente com a promessa de retirar financiamento à OMS, pois na mesma conferência de imprensa deu alguns passos atrás, concedendo que durante uma epidemia “talvez não fosse” o melhor momento para o fazer. “Quer dizer, não estou a dizer que o vou fazer, mas vamos ver o que se passa. Vamos investigar, vamos analisar. Vamos ver como acabar com o financiamento”, declarou o Presidente dos EUA.

As acusações à organização máxima de saúde no mundo não são novas. Trump tem criticado a OMS continuamente pela gestão da pandemia do novo coronavírus, apesar de desvalorizar a situação até meados de Março.

No final de Janeiro, a organização pediu aos países para não fechar as suas fronteiras à China mas Trump contrariou a indicação. Os EUA cortaram as ligações áreas com a China a 31 de Janeiro e a OMS criticou a decisão. “Restringir o movimento de pessoas e bens durante emergências de saúde pública é pouco eficaz na maioria das situações e pode desviar recursos para outras intervenções”.

O alastramento do vírus nos Estados Unidos parece ter dado novo alento a Trump para continuar a atacar. “Eles não viram isto. Como é que não viram isto? Eles devem ter visto mas não disseram nada”.

Sugerir correcção
Ler 14 comentários