Portal da queixa alerta para burlas com MB Way associadas à pandemia de covid-19
Portal da queixa registou 356 burlas desde início do Estado de Emergência. Os atacantes aproveitam-se de pessoas pouco habituadas a compras online para as levar a divulgar credenciais em sites falsos e dar acesso à aplicação MB Way.
Nos últimos 20 dias, o Portal da Queixa registou 356 reclamações sobre fraudes online associadas ao aumento de dependência de meios de pagamento digital devido à pandemia de covid-19 — em média, são 16 novas queixas de burlas por dia desde o arrancar do Estado de Emergência. Vêm disfarçadas de SMS da EDP, CTT, ou passatempos (falsos) de grandes superfícies comerciais e correspondem a 25% do total de queixas (1377) registados naquela plataforma deste do início do ano.
Muitos dos criminosos aproveitam-se de pessoas que não sabem utilizar serviços como o MB Way, a aplicação da SIBS (empresa que gere a rede Multibanco) que permite fazer compras e transferências imediatas através do telemóvel. Os números do Portal da Queixa apontam para um aumento destes casos, na ordem dos 391% nos primeiros três meses de 2020, face ao período homólogo. Entre Janeiro e Março, foram registados na plataforma 118 burlas através do MB Way, mais 94 casos do que no mesmo período em 2019.
“Esta será certamente uma tendência crescente nos próximos tempos, tendo em conta a obrigação da permanência dos consumidores em casa, alterando assim o seu comportamento e hábitos de consumo, que direcciona o fluxo de compra para os canais digitais”, alerta em comunicado Pedro Lourenço, director executivo do Portal da Queixa e embaixador da Comissão Europeia para os Direitos dos Consumidores.
Em geral, os números de burlas também aumentaram 34% no primeiro trimestre de 2020 face ao mesmo período de 2019, em que tinham sido registadas 1024 reclamações.
Nos casos partilhados pelo Portal da Queixa, é possível identificar três métodos usados pelos criminosos neste época:
- Enganar quem não sabe usar MB Way: o alvo dos criminosos são pessoas que não sabem utilizar a aplicação. O método passa por divulgar a venda de produtos ou bens essenciais na Internet e explicar à potencial vítima que o pagamento tem de ser feito via MB Way. Se a pessoa nunca utilizou o serviço, o atacante disponibiliza-se a ajudar, mas convence a vítima a introduzir o número de telemóvel do atacante no registo na aplicação MB Way no multibanco, dando a este acesso remoto à conta bancária da vítima.
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Sites falsos com máscaras à venda: com a escassez de produtos como máscaras de protecção e gel desinfectante nas farmácias e supermercados, muitos os consumidores que nunca fizeram compras pela Internet decidem arriscar. Só que há muitos sites falsos criados para roubar credenciais bancárias e outra informação pessoal. A equipa do Portal da Queixa recomenda procurar por contactos reais (morada e telefone) dessas empresas, ver se os sites são mencionados no Portal da Queixa ou outras páginas de queixa e defesa dos consumidores, e garantir que o site tem um certificado de segurança (identificado pelo pequeno cadeado na barra de endereços de um site).
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Prémios falsos e taxas inventadas: outras fraudes populares incluem o envio de emails e SMS em nome da EDP e da MEO (tendem a incluir ameaças sobre cortes no serviço devido a pagamentos em falta), dos CTT (sobre telemóveis topos de gama presos na alfândega), ou de grandes superfícies como o Continente e a Worten (sobre prémios fictícios). Neste tipo de ataque, a vítima é sempre direccionada a um site falso onde regista as suas credenciais bancárias que são recolhidas pelos atacantes. No caso das fraudes em nome do MEO e da EDP, as mensagens tendem a ser enviadas durante a noite para impedir a vítima de contactar as linhas de apoio das empresas.
Para Pedro Lourenço, responsável pelo Portal da Queixa, muitas das burlas aproveitam-se do facto de não ter existido “tempo necessário para uma aprendizagem que permita adquirir experiência e conhecimentos de segurança para uma navegação consciente.” É um dos motivos que leva profissionais de segurança a alertar para um aumento considerável no número de ciberataques online.
O Portal da Queixa nota que já está a trabalhar numa plataforma, em parceria com outras entidades como o OLX Portugal e a SIBS, para potenciar o aumento da literacia digital dos consumidores portugueses.