Tráfego de comunicações cai na primeira semana de estado de emergência
Apesar de se manter muito acima do período pré-crise da covid-19, o tráfego de comunicações caiu face à primeira semana de isolamento.
A Anacom divulgou esta quinta-feira as estimativas relativas ao tráfego de comunicações electrónicas na semana entre 23 e 29 de Março, considerando que terá diminuído face à semana anterior (aquela em que se iniciou o período de isolamento social).
A semana agora em análise foi aquela em que entraram em vigor as medidas do estado de emergência, que obrigaram ao encerramento de várias actividades económicas (foi declarado a 18 de Março, mas as medidas passaram a aplicar-se às zero horas de domingo, dia 22).
Embora o tráfego tenha diminuído, encontra-se “ainda significativamente acima do registado no período pré-covid-19”, refere a nota da Anacom.
Com base na informação enviada pelos operadores de telecomunicações, o regulador calcula que o tráfego de voz registou uma queda semanal de 9% (a voz móvel caiu 11%, porque a voz fixa até aumentou 1%) e o tráfego de dados caiu 11% (3% nos dados móveis e 11% nos dados fixos).
Mas os níveis de tráfego mantêm-se acima dos anteriores à crise de saúde pública. Na comparação com esse período, a Anacom estima que o tráfego de voz foi 34% superior e o tráfego de dados ficou 35% acima.
A entidade reguladora sublinha que se mantêm “as alterações nos padrões de utilização dos serviços de comunicações electrónicas identificadas na semana anterior”.
“Houve um significativo crescimento do tráfego de voz fixa”, de 96%, “que contrasta com a redução verificada em anos anteriores” (em 2019 este tipo de tráfego diminuiu 15%), e verificou-se a diminuição do peso relativo da voz móvel no tráfego de voz (teve um crescimento de 25%).
Nos dados, o crescimento de tráfego foi mais significativo na banda larga fixa (36%) que no móvel (20%).
Mais testes à velocidade da internet
Desde o início do período de confinamento, aumentou a utilização da ferramenta de medição de velocidade da Internet da Anacom, o NET.mede. “O aumento mais notório deu-se a partir de 12 Março, o dia seguinte à declaração de pandemia pela OMS [Organização Mundial de Saúde]”, refere a entidade reguladora.
Se antes “existia uma média diária de 1500/2000 testes por dia”, o número “subiu para cerca de 4500 testes diários nos últimos dias do período em análise”. E nos acessos móveis a subida foi de 300 para 1000 testes diários.
Entre Janeiro e 11 de Março, o período do dia com maior realização de testes situava-se entre as 18h e as 22h, no caso dos acessos fixos residenciais. Esse pico de utilização passou a registar-se mais cedo, entre as 15h e as 19h.
A Anacom nota que o resultado reflecte “o efeito do teletrabalho e ensino à distância”.
Nos acessos móveis, os testes foram maioritariamente realizados entre as 18h e as 22h até 11 de Março, passando para um comportamento mais homogéneo ao longo do dia, embora sem alteração das horas de pico.
Foi na região de Lisboa e Vale do Tejo que se registou um maior número médio diário de testes – nos acessos residenciais fixos, atingiu 1694 testes por dia na semana de 23 a 29 de Março, mais 149% que no período pré-pandemia.
Nessa mesma semana, nos acessos móveis fizeram-se 481 testes diários, mais que duplicando a quantidade face ao período pré-pandemia.
Os concelhos que registam um maior número de testes, antes e após o anúncio de pandemia, em acessos fixos e móveis, são Lisboa, Porto e Vila Nova de Gaia.