Associação Comercial do Porto diz que um cerco sanitário paralisa a região

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Tiago Lopes

O presidente da Associação Comercial do Porto, Nuno Botelho, avisou esta segunda-feira que avançar com um cerco sanitário à cidade do Porto seria promover a “paralisação geral da região” e diz que é um “exagero” avançar com essa medida. “Com este cerco [sanitário], a confirmar-se, nós iremos ter de facto uma paralisação geral desta região que a todos os títulos condenamos”, declarou à Lusa Nuno Botelho, numa entrevista telefónica.

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou esta segunda-feira, durante uma conferência de imprensa em Lisboa, que estava a ser equacionada a medida de avançar com um cerco sanitário do Porto entre as autoridades de saúde regionais, as autoridades de saúde nacionais e o Ministério da Saúde e que, provavelmente, seria esta segunda-feira tomada uma “decisão nesse sentido”.

Na conferência de imprensa diária para fazer o ponto da situação da pandemia de covid-19 em Portugal, Graça Freitas assegurou a articulação entre as autoridades de saúde e as autoridades municipais desde logo, com a Câmara Municipal, com a Segurança Social e com a Comissão Municipal de Proteção Civil.

A Associação Comercial do Porto opõe-se “absolutamente” à hipótese dum cerco sanitário. “Achamos que é um exagero, achamos que não se justifica, achamos que revela desconhecimento da situação no terreno. As pessoas estão a acatar o isolamento social, o resguardo em casa. (…) Independentemente do número de infectados que é grande, e que todos lamentamos, mas achamos que o isolamento que está a haver justifica neste momento a manutenção das medidas tomadas”, descreveu Nuno Botelho.

O presidente da Associação Comercial do Porto lamentou, por outro lado, que a medida esteja a ser equacionada “sem conhecimento dos órgãos políticos locais”, entenda-se o presidente da Área Metropolitana do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, e o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira (que foi duro nas críticas), que segundo Nuno Botelho “não foram tidos, nem achados” na questão do eventual cerco sanitário.

“Achamos a todos os títulos lamentável. Achamos que a economia também tem que ter ainda o seu espaço, em primeiro lugar naturalmente está a saúde, mas não podemos afogar ainda mais a economia desta região do concelho do Porto e dos concelhos limítrofes, cortando os acessos de repente e de forma inopinada e, portanto, essa é uma medida contra a qual nós temos que nos manifestar contra”, reiterou.

Nuno Botelho lembrou ainda que a hipótese do cerco sanitário no Porto é uma “medida vai ao arrepio daquilo que foram as declarações do senhor primeiro-ministro na semana passada, em que se mostrava “muito preocupado com a economia e que havia sectores que tinham que continuar a laborar”.