Investigadores portugueses produzem viseiras de proteção para a covid-19
Grupo de investigadores do Instituto Superior Técnico já entregou viseiras fabricadas no seu laboratório ao Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, na Amadora.
Um grupo de investigadores do Instituto Superior Técnico (IST) começou a produzir viseiras que servem de protecção para profissionais de saúde no contexto da pandemia da covid-19. Esta iniciativa envolve toda a comunidade do IST e os participantes convidam quem tiver impressoras 3D a colaborar para que seja produzido o máximo de material possível.
A iniciativa é liderada por Marco Leite e Paulo Peças (ambos do Departamento de Engenharia Mecânica do IST), que criaram um projecto de uma viseira que pode ser descarregado online e fabricado numa impressora 3D.
A equipa já entregou viseiras fabricadas no seu laboratório ao Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, na Amadora, e espera a partir de quarta-feira começar a obter mais material para distribuir pelas unidades hospitalares e centros de saúde onde “há pessoas que não têm nada, estão desprotegidas” para lidar com pessoas potencialmente infectadas com o novo coronavírus.
Contactados pelo PÚBLICO, os investigadores explicam que utilizaram o modelo da Prusa, uma empresa de Impressoras 3D, que disponibilizou o design online, mas sublinham que o projecto final passou por “muitas modificações” antes de ser entregue aos hospitais.
“Era preciso começar a produzir viseiras com urgência. Há desenhos disponíveis de fabricantes online e o que fizemos foi perceber as necessidades [dos hospitais] e tentar diminuir o tempo de processamento destes materiais. Até pedimos a uma enfermeira para testar as viseiras”, explica Paulo Peças, realçando que depois deste processo ainda foram feitas outras alterações apontadas pela profissional de saúde. Ainda segundo os investigadores, foi acrescentado o logótipo do Instituto Superior Técnico para que as pessoas soubessem que as viseiras — que estão a ser disponibilizadas de forma gratuita e que podem ser requisitadas pelos hospitais — foram testadas pela instituição de ensino.
“Não dizemos que o desenho é nosso, mas sim que fabricamos as viseiras para serem oferecidas às instituições. Adaptamos aquele modelo que existe na internet ao nosso modelo de fabrico”, refere, por sua vez, o investigador Marco Leite. Já Paulo Peças reforça que o objectivo da equipa não era “inventar” um novo modelo, mas sim fazer com que este “bem necessário” chegue o mais rapidamente aos profissionais que precisam dele.
Depois de alguns testes, os investigadores chegaram à conclusão que o projecto, que ficou concluído esta segunda-feira, era utilizável, mesmo que não se trate de um produto certificado. “Estas peças acabaram no mercado. Os hospitais acham que é melhor ter isto do que um produto certificado que chega daqui a um mês”, referiu Paulo Peças. As viseiras são peças circulares, ajustáveis, que se fixam em torno da cabeça e nas quais pode ser montado um acetato transparente que serve como barreira de protecção no contexto da pandemia da covid-19.
No seu laboratório, Marco Leite e Paulo Peças conseguem produzir seis viseiras por hora, mas cerca de duas dezenas de unidades de investigação do IST também vão começar a produzi-las. Para manter o distanciamento social necessário nesta altura, os investigadores definiram dois horários para entrega de viseiras nas instalações do IST em lotes de dez unidades. Já a esterilização do material ficará a cargo das unidades de saúde. O projecto pode ser descarregado aqui.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infectou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo e morreram cerca de 17.000. Em Portugal, já causou 43 mortes e quase 3 mil infecções, segundo o balanço feito esta quarta-feira pela Direcção-Geral da Saúde.