Cascais vai ter centros de testes grátis. Rastreios no Queimódromo do Porto começam amanhã

Câmara do Porto avança com testes no Queimódromo em conjunto com uma rede de laboratórios, no modelo drive thru, já esta quarta-feira. A pessoas entram de carro, abrem o vidro para os técnicos colherem as amostras. “É o Mcdonald´s dos testes”, ironiza um médico. A Câmara de Cascais também vai avançar, mas num modelo diferente.

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Em Washington já estão a fazer testes em sistema de drive thru LUSA/STEPHEN BRASHEAR

Depois de a Câmara do Porto ter anunciado que vai avançar, em conjunto com a rede de laboratórios Unilabs e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, com um centro de rastreio do novo coronavírus num modelo drive thru no Queimódromo, em que as amostras são colhidas às pessoas dentro das viaturas - e que começa a funcionar já esta quarta-feira -, a Câmara de Cascais prepara-se para instalar também dois locais dedicados ao diagnóstico laboratorial para rastrear a população do município, a pedido da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, mas num modelo diferente e com os laboratórios Germano Sousa e Joaquim Chaves.

Um dos centros de rastreio vai funcionar no centro de congressos de Cascais e outro na Cerci (Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas) da Rana e os testes serão gratuitos, adiantou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras.

Os dois centros estarão abertos a toda a população do município, 214 mil pessoas, mas, “para não haver grandes aglomerados”, será necessária uma pré-inscrição para marcação e as pessoas serão sujeitas a um rastreio à chegada, explicou Carlos Carreiras. Nem todas serão testadas, portanto. O rastreio permitirá perceber quem tem critérios para o diagnóstico laboratorial, nomeadamente se esteve em contacto com alguém infectado, se tem sintomas da doença provocada pelo novo coronavírus (a covid-19), “ou seja, se tem algum factor mínimo” para efectuar o diagnóstico laboratorial, especifica o presidente da Câmara.

Convencido de que "muita gente” vai querer ser testada, Carlos Carreiras já ensaia estimativas. “Se for 25% da população, serão cerca de 50 mil pessoas.” Obviamente, apenas uma pequena parte será testada. E em Cascais a colheita das amostras biológicas não será feita no modelo anunciado pela Câmara do Porto —  em que se entra de carro no recinto do Queimódromo, abre-se o o vidro da viatura para os técnicos colherem as amostras das fossas nasais com uma espécie de cotonete (zaragatoa). 

“Em Cascais não vamos funcionar como um drive in”, afirma Carlos Carreiras. Por isso é que o centro de congressos de Cascais fica destinado à população das antigas freguesias de Cascais, Estoril e Alcabideche a Cerci da Rana, um equipamento novo e ainda por estrear, para os habitantes das freguesias de Carcavelos, Parede e S. Domingos de Rana. Os custos são suportados pelo Serviço Nacional de Saúde e pelo município.

Ao mesmo tempo, a câmara já está a preparar locais onde as pessoas com resultados positivos podem ficar isoladas. "Temos uma capacidade máxima de mil camas, entre equipamentos sociais e desportivos, queremos estar preparados caso a epidemia atinja grande dimensão”, adianta. 

Críticas aos testes “McDonald's"

Na segunda-feira, a notícia de que outra rede de laboratórios privados, a Unilabs Portugal, tenciona avançar no Queimódromo do Porto com o “primeiro centro de rastreio para covid-19 em modelo drive thru montado em Portugal”, foi recebida com surpresa e críticas por médicos de laboratórios de hospitais públicos que estão desde há algum tempo a testar doentes e se confrontam com grandes dificuldades no acesso a reagentes em quantidade suficiente para darem resposta ao crescente número de infectados, tal tem sido a procura no mercado internacional e nacional. 

Anunciados num “comunicado conjunto” da Unilabs Portugal, da Câmara do Porto e da Administração de Saúde (ARS) do Norte, os testes neste modelo  - as pessoas entram de carro no recinto, sendo as colheitas feitas com zaragatoas por técnicos no local - copiam a experiência de países como a Coreia do Sul e os Estados Unidos .  “É o McDonald's dos testes”, critica um dos médicos com quem o PÚBLICO falou. “Vai haver tempo para mudar luvas e máscaras? Se esse modelo avançar, as condições de colheita têm que ser muito bem definidas pela Direcção-Geral da Saúde”, defende a presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia Clínica, Maria José Rego de Sousa. 

Dirigida em Portugal pelo ex-deputado do PSD Luís Menezes, a Unilabs assegura no comunicado que está em condições de começar a funcionar já nesta quarta-feira e que será possível realizar "cerca de 400 testes diários numa primeira fase”, podendo o número evoluir para perto de 700 testes. Mas isto não significa que o drive thru estará aberto a qualquer um. Apenas pessoas com suspeita de infecção e “previamente referenciadas pelo Serviço Nacional de Saúde” podem dirigir-se ao local.

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