Não há Europeu em 2020 e Portugal será campeão mais um ano
O Euro 2020 foi adiado, a Copa América seguiu o exemplo e o Mundial de Clubes ficou em risco. Uma só reunião da UEFA deu origem a vários efeitos secundários.
O Euro 2020 passou a ser, a partir de desta terça-feira, o Euro 2021. Em virtude do alastramento do surto de covid-19, a UEFA anunciou o adiamento da competição de futebol para daqui a um ano, numa decisão saída da reunião geral entre o organismo que gere o futebol a nível europeu e as 55 federações que o compõem - tudo feito em videoconferência, como mandam as novas regras.
Em todo este contexto negativo, social e desportivamente, há, para a selecção nacional portuguesa, um pormenor menos relevante, mas agradável: com o adiamento do Euro, Portugal será campeão da Europa durante mais um ano, tornando-se apenas a segunda selecção na história do futebol a manter o título europeu durante mais de quatro anos.
Um pecúlio somente ao alcance dos vizinhos ibéricos, já que a outra selecção a consegui-lo foi a de Espanha, que conquistou o Euro em 2008 e 2012 (oito anos como campeã). Se Portugal reconquistar a prova em 2021, então será, aí sim, o único país na história a ser campeão durante mais de oito anos.
Mais tempo para os campeonatos nacionais
Com o prolongar dos efeitos do novo coronavírus – e com um Europeu a ser organizado, pela primeira vez, em várias cidades europeias – não era preciso uma bola de cristal para prever que a prova seria adiada. Faltava saber os moldes. E já se sabe. Para já, 11 de Junho de 2021 é a data de início do Euro, numa decisão que a UEFA justifica como prova de “responsabilidade, união, solidariedade e altruísmo”.
“A saúde de todos os envolvidos no jogo é a prioridade, tal como evitar a pressão desnecessária aos serviços públicos nacionais nas cidades-sede do Euro. Este adiamento ajudará a que sejam terminados os campeonatos nacionais, actualmente suspensos por causa do surto covid-19”, pode ler-se na comunicação da UEFA, que acrescentou: “Queremos garantir o reembolso de quem tiver bilhete e alojamento comprados e não possa ir ao torneio em 2021. É em momentos destes que a comunidade do futebol tem de mostrar responsabilidade, união, solidariedade e altruísmo. A hipótese de celebrar o Europeu em estádios vazios e com fanzones desertas, com o resto do continente em casa, em isolamento, é triste e não podemos aceitá-la como celebração dos 60 anos desta competição”.
Este adiamento é um “balão de oxigénio” para as várias federações nacionais, que ficam com uma margem temporal maior para concluírem os campeonatos internos, quase todos eles interrompidos devido ao surto da covid-19.
O plano é, por enquanto, tentar encaixar as derradeiras jornadas dos campeonatos até 11 de Julho, data em que terminaria o Euro 2020. Se tal for conseguido, poucas implicações haverá para o início da temporada 2020/2021.
Em matéria de Liga dos Campeões e Liga Europa ainda não há “fumo branco”. A UEFA decidiu criar um grupo de trabalho para analisar o que fazer com as competições europeias, ainda que, segundo o jornal Marca, a intenção seja reatar as provas no final de Abril e início de Maio, reagendando as duas finais europeias: a da Champions para 27 de Junho e a da Liga Europa para três dias antes.
Excluída não está a possibilidade de as meias-finais e finais serem disputadas num formato de final a quatro, à semelhança do que é feito na Liga das Nações ou mesmo na Taça da Liga, em Portugal. Uma possibilidade que agilizaria o desfecho das provas, já que cinco jogos divididos por várias semanas passariam a três jogos disputados numa só semana.
Copa América também adiada
Mais a ocidente, houve solução igual para o mesmo problema. A CONMEBOL decidiu adiar a Copa América, competição sul-americana análoga ao Europeu de futebol, definindo para o certame as mesmas datas do Euro: 11 de Junho a 11 de Julho.
“Devido à evolução mundial de coronavírus e com o objectivo de proteger a saúde do futebol sul-americano, a CONMEBOL adia a celebração da 47.ª edição da Copa América, a disputar de 11 de Junho a 11 de Julho de 2021”.
O Brasil é o actual detentor do título sul-americano, conquistado em 2019, honra que tentará defender na edição organizada conjuntamente por Argentina e Colômbia.
Por fim, e ainda em matéria de futebol extra-europeu, os adiamentos do Europeu e da Copa América colidem com o plano da FIFA de testar o novo formato do Mundial de Clubes, previsto para Junho de 2021.
O El País noticia que Gianni Infantino, presidente da FIFA, estará disposto a ceder, ainda que as relações entre os dois organismos não estejam num momento de grande fulgor.