Quarentena obrigatória para todos que aterrem na Madeira. “Isto não é uma brincadeira”
A medida surge um dia depois de o Funchal ter solicitado ao Governo central e às autoridades aeronáuticas a autorização para suspender todos os voos de países sinalizados pela OMS com cadeias de transmissão activas da covid-19. Sem respostas, a Madeira decidiu avançar para a quarentena obrigatória.
Sem registo de infecções por covid-19 nem casos suspeitos, a Madeira está, dia após dia, a apertar as medidas de prevenção e controlo. Depois de ter fechado os portos e marinas à entrada e cruzeiros e iates, de ter imposto o controlo de temperatura corporal a passageiros e tripulantes que aterram no aeroporto, e de pretender a suspensão dos voos com origem em países com cadeias de transmissão activas (Dinamarca, Espanha, França, Alemanha e Suíça), o Funchal vai impor, a partir das zero horas deste domingo, quarentena obrigatória ou isolamento social para todos os que cheguem à Madeira.
O presidente do governo madeirense, Miguel Albuquerque, anunciou ao início da tarde deste sábado um reforço das medidas de combate à pandemia do novo coronavírus.
“A partir da meia-noite de hoje [00h00 de domingo] todos ficam em isolamento. Eu não posso ficar à espera das medidas a nível nacional face ao imperativo de salvaguarda da saúde pública dos madeirenses e dos porto-santenses”, disse Albuquerque aos jornalistas, depois de o governo regional ter estado reunido durante a manhã com as forças de segurança e militares.
A obrigatoriedade de cumprir um período de 14 dias de quarentena é também uma forma de “dissuasão” para os que pretendem viajar para a Madeira. “Vamos controlar todos os hotéis e todas as casas. Não tenham qualquer dúvida sobre isso”, garantiu o chefe do executivo madeirense, reforçando: “Isto não é uma brincadeira. Isto não são férias.”
A medida surge um dia depois de o Funchal ter solicitado ao Governo da República e às autoridades aeronáuticas a autorização para suspender todos os voos de países sinalizados pela Organização Mundial da Saúde com cadeias de transmissão activas da covid-19 (Dinamarca, Espanha, França, Alemanha e Suíça). Face a ausência de respostas, a Madeira decidiu avançar para a quarentena obrigatória.
“Não posso estar à espera. Uma vez que esta história dos voos, como eu solicitei, ainda não está resolvida, fica resolvido desta maneira. Ficam de quarentena e acabou”, afirmou Albuquerque, insistindo que, mais importante do que o impacto económico, é salvaguardar a saúde das pessoas. “É um imperativo ético, e não duvidem que vamos fazê-lo”, disse, ressalvando que o executivo não vai fechar os olhos ao impacto que estes constrangimentos estão a ter no turismo, o principal motor económico da região autónoma.
Na sexta-feira, o governo madeirense tinha anunciado a disponibilização imediata de 75 milhões de euros (50 milhões para apoio à tesouraria e 25 milhões para reforçar o orçamento do serviço regional de saúde). Agora, anunciou uma operação de financiamento – já aprovada por António Costa – de 200 milhões de euros para apoiar empresas e agentes económicos.
As medidas anunciadas para o movimento de pessoas abrangem também as deslocações dentro do arquipélago. As viagens entre ilhas vão ser restringidas, com o ferry Lobo Marinho, que assegura a ligação diária entre a Madeira e o Porto Santo, a passar a transportar, a partir deste sábado, apenas residentes no Porto Santo.