Netanyahu propõe governo de unidade nacional por causa do novo coronavírus
Negociações já esbarraram, no entanto, num primeiro desacordo sobre se os partidos árabes devem participar no executivo.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, propôs a formação de um governo de unidade nacional alargado para lidar com a crise provocada pelo novo coronavírus.
O Governo tem levado a cabo medidas drásticas para tentar conter a expansão das infecções, incluindo uma quarentena geral a quem venha de qualquer país estrangeiro, e o encerramento de escolas. Em Israel há 131 casos reportados de doentes com covid-19, dos quais quatro recuperaram, sem ter havido, até agora, nenhuma morte.
O país está com um governo de gestão, que não pode aprovar novo orçamento, desde Dezembro de 2018.
Netanyahu fez a proposta ao seu principal rival, Benny Gantz, na conferência de imprensa diária que tem feito sobre as decisões relativas ao coronavírus. O primeiro-ministro “é agora o único a dar novidades ao público sobre as mais recentes decisões do Governo sobre quarentenas/limites de ajuntamentos/encerramento de escolas, agências governamentais e empresas”, criticava no Twitter o jornalista Anshell Pfeffer. “O mesmo (três vezes não-eleito) Netanyahu que dentro de cinco dias vai ser julgado por corrupção e fraude.”
A proposta do primeiro-ministro já parecia estar a esbarrar numa questão: Benny Gantz afirmou que para um governo de unidade nacional alargado ser mesmo de unidade devia incluir todas as facções, incluindo os partidos árabes/palestinianos de Israel.
O país acaba de sair das terceiras eleições no espaço de um ano em que apesar do partido de Netanyahu ter tido uma pequena vitória sobre o seu rival (dois deputados apenas de diferença), não tem uma maioria com os seus aliados habituais (os partidos religiosos e ultra-ortodoxos). Gantz também não tem uma maioria, mas está a explorar a hipótese de um governo minoritário apoiado pelos partidos árabes israelitas cuja Lista Unida foi a terceira força mais votada.
O papel destes partidos é especial em Israel, tendo uma participação muito limitada – por regra recusam-se a recomendar um candidato a primeiro-ministro quando o Presidente recolhe as indicações dos líderes partidários, os partidos árabes israelitas recusam-se por regra a indicar alguém, só o tinham feito uma vez quando apoiaram Yitzhak Rabin, em 1992 (na última eleição, os vários partidos que integram a Lista Unida dividiram-se sobre o apoio a Gantz). Nunca foram considerados potenciais parceiros de coligação, e apenas a ideia de apoiarem um possível governo de Gantz foi suficiente para que o antigo chefe do Exército fosse acusado de se aliar com “traidores”.
Agora, a ideia de Gantz incluir todas as facções parlamentares sem excepção dos árabes no governo de unidade já estava a levar a rejeição por parte de vários políticos, incluindo do Likud.