Madeira fecha portos e vai controlar temperatura de passageiros e tripulações no aeroporto
Portos e marinas do arquipélago fecham às zero horas de sexta-feira, impedindo a atracagem até ao final do mês de 23 navios, com mais de 50 mil passageiros a bordo. No aeroporto, passageiros e tripulantes vão ter a temperatura controlada à chegada.
Portos e marinas fechadas até ao final do mês e controlo da temperatura “passageiro a passageiro, tripulante a tripulante” no aeroporto do Funchal são as medidas adicionais anunciadas esta quinta-feira pelo governo regional da Madeira, para evitar a propagação do novo coronavírus na região autónoma. Em causa, precisou o chefe do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, estão 23 navios de cruzeiro que tinham escala prevista este mês no Funchal, que traziam entre 50 a 60 mil passageiros a bordo.
“Estas medidas vão vigorar até ao dia 31 de Março, data em que o Governo Regional fará uma nova avaliação. Estamos a falar da acostagem de 23 cruzeiros e de cerca de 50 mil passageiros”, adiantou Albuquerque aos jornalistas, durante uma conferência de imprensa – a segunda em dois dias – para anunciar as respostas do arquipélago à pandemia de covid-19.
O encerramento dos portos e marinas entra em vigor às zero horas desta sexta-feira, e até à próxima segunda-feira, dia 16 de Março, o governo regional pretende implementar medidas adicionais de controlo no aeroporto, através da medição da temperatura de passageiros e tripulantes à chegada ao Funchal.
“Esse controlo irá processar-se de duas maneiras: através da medição da temperatura dos passageiros e das tripulações no desembarque e também de um inquérito que será preenchido no próprio avião”, explicou Albuquerque, dizendo que a medida, inédita nos aeroportos nacionais, vai implicar o controlo individual de 10 mil passageiros por dia.
O executivo já notificou as autoridades competentes, ANAC, DGS e ANA, e espera ter as equipas no terreno e a logística montada nos próximos dias. “Queremos ter tudo operacional até segunda-feira, o que não quer dizer que as equipas não vão antes para o aeroporto. Queremos isto a funcionar o mais rapidamente possível”, afirma, reconhecendo que todas estas medidas vão provocar incómodos e atrasos. “Estamos a falar de um controlo passageiro a passageiro, tripulante a tripulante. Não são medidas com impacto reduzido, mas a saúde pública está em primeiro lugar.”
Ronaldo e família estão assintomáticos e foram controlados ainda em Itália
A mesma lógica, garantiu, aplica-se a Cristiano Ronaldo e à família. O internacional português está na Madeira desde segunda-feira, com os familiares, a pretexto de acompanhar a evolução do estado de saúde da mãe, que está a recuperar de um AVC. O jogador foi visitou-a no hospital e, esta semana, foi fotografado a passear com a família num jardim do Funchal.
“Toda a visita de Cristiano Ronaldo e da família foi controlada e coordenada ainda o jogador estava em Itália”, garantiu o secretário regional da Saúde, Pedro Ramos, explicando que durante as visitas que o futebolista fez à mãe no hospital, o Serviço Regional de Saúde assegurou todas as condições de segurança para ele e para os profissionais do hospital que estiveram em contacto com ele.
E nem o facto de um colega de Ronaldo na Juventus, Daniele Rugani, estar infectado com covid-19, preocupa, para já, as autoridades madeirenses. “Tanto o atleta, como a família estão assintomáticos. O jogador [Rugani] deu positivo, já o Ronaldo estava cá.”
Abastecimento está garantido e escolas vão continuar abertas
A região autónoma, tal como os Açores, não tem registo de infectados com covid-19 – existem, contabilizou Pedro Ramos, uma centena de pessoas em monitorização e isolamento social –, o que não significa que não esteja a sentir os efeitos económicos da pandemia (a quebra de 20% na hotelaria, é a face mais visível), e que a população não esteja alarmada.
Tal como no resto do país, quarta-feira houve uma corrida aos supermercados, esvaziando prateleiras e enchendo carrinhos de compras. Albuquerque, procurou tranquilizar. “O abastecimento do arquipélago está garantido”, sublinhou, explicando que apesar da greve dos estivadores em Lisboa os serviços mínimos estão assegurados. “Amanhã [sexta-feira] chega um navio de mercadorias, e na segunda-feira outro”, disse, adiantando que se for necessário será feita uma requisição civil para assegurar o abastecimento da região.
A questão de as escolas continuarem abertas também não é consensual, mas, diz Albuquerque, vão manter-se em funcionamento. “Não temos ninguém infectado na Madeira, e as escolas são também uma forma de monitorizarmos e controlarmos, do ponto de vista logística, possíveis casos”, justificou, dizendo que não significa que a situação não se altere. “Se for necessário, fechamos as escolas de imediato.”