O movimento das donas de casa tradicionais está a crescer e “é mais perigoso do que parece”
Apresentam-se na Internet como #tradwives, ou seja, donas de casa tradicionais, e reivindicam o direito a serem esposas submissas que dizem ter-lhes sido sonegado pelo feminismo. São, segundo os especialistas, uma das faces do mesmo “conservadorismo insidioso” que ajudou a eleger líderes populistas e que esconde o desejo de retorno a uma sociedade branca, patriarcal e profundamente desigual.
Intitulam-se como donas de casa tradicionais e surgem unidas no mundo virtual pela hashtag #tradwives (contracção da expressão traditional house wife) que funciona como uma espécie de selo de um movimento que procura recuperar a nostalgia dos idos anos 50 e do correspondente papel da dona de casa alegremente encafuada no seu reduto doméstico, abnegada e submissa, inteiramente dedicada aos filhos e ao marido, sem nunca deixar de ter a casa imaculada e as camisas sem vincos. Passando ao lado das lutas de décadas para que as mulheres pudessem votar, escolher uma profissão, ter uma conta bancária em seu nome, viajar sem ter de pedir autorização ou simplesmente dizer “não” a uma investida sexual, o movimento das donas de casa tradicionais está a espalhar-se à velocidade do coronavírus por realidades tão diversas como as do Reino Unido, dos Estados Unidos, do Brasil ou do Japão, deixando um rasto de homens e mulheres feministas com os dentes cerrados de indignação.
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