Coronavírus já “limpou” três biliões de dólares das bolsas mundiais
Os efeitos negativos do surto global de coronavírus continuam a contaminar os mercados financeiros, forçando o movimento dos investidores para activos mais conservadores.
Numa altura em que os novos casos de coronavírus (Covid-19) fora da China (onde começou o surto) já ultrapassaram os registados no território de origem, os mercados financeiros globais continuam a sentir os efeitos da contaminação global. Esta quinta, as acções voltaram a cair e já acumulam perdas totais de valor na ordem dos três biliões de dólares (milhões de milhões) em todo o mundo desde o início da crise, o equivalente a 2,7 biliões de euros, segundo contas da Reuters.
O índice pan-europeu Stoxx 600 começou o dia a perder 2,3%, dando uma fotografia mais completa do sentimento dos investidores sobre o risco de apostas em acções europeias. Entre todos, os índices italianos eram os mais penalizados, reflectindo a maior predominância de medidas de contenção impostas na economia de Itália.
Neste contexto, várias dezenas de empresas europeias já emitiram alertas sobre o impacto que as iniciativas para tentar travar a progressão do vírus poderão ter nas suas contas. Nos EUA, o mesmo tipo de alertas foi feito por empresas como a gigante Microsoft, levando a perdas substanciais nas acções das tecnológicas cotadas na Europa.
Na Ásia, as desvalorizações têm sido mais pronunciadas e mantêm os principais índices, desde a China ao Japão, passando pela Coreia do Sul, nos patamares mais baixos dos últimos quatro meses.
Em Lisboa, o PSI-20 não tem escapado à tendência geral e seguia, esta manhã, a perder quase 2%.
Se as acções continuam a derrapar e acumulam já seis dias seguidos de desvalorizações, os activos tidos como de refúgio seguem com sinal contrário. Em particular, as matérias-primas como o ouro prosseguem a sua ascensão para máximos de sete anos, ao passo que as dívidas públicas norte-americana, alemã e italiana valorizavam, pressionando as respectivas taxas de juro para baixo.
Uma tendência que um analista citado pela Reuters considera que deverá continuar “a menos que comecemos a observar um abrandamento de casos de coronavúris fora da China”. Isto porque os investidores vão continuar a movimentar-se na presunção de que o abrandamento forçado da actividade económica poderá culminar nos primeiros sinais de recessão nos principais blocos económicos mundiais.
Um sintoma desse receio é a contínua descida do preço do petróleo, que reage às perspectivas de uma economia menos saudável e que voltou, esta quinta-feira, a cair mais de 1% para o seu valor mais baixo num ano.