As principais bolsas europeias viveram um dia de negociação volátil nesta quarta-feira, depois de uma sessão de queda em Wall Street pressionada pelas consequências económicas que os investidores temem relativamente à expansão do surto de coronavírus.

Durante a manhã, os mercados registavam a quinta sessão negativa e a trajectória acentuou-se durante a sessão, mas as principais praças acabaram por recuperar até à hora de fecho do mercado, tendência que se prolongava nesse momento em Nova Iorque, onde o Nasdaq e o S&P 500 seguiam em alta mas com valorizações contidas. Mais perto do seu fecho, os índices norte-americanos acabaram por revisitar o terreno vermelho, com a mais recente vaga de notícias sobre o surto.

O índice Euro Stoxx 600, que chegou a cair mais de 1%, encerrou inalterado, com as principais praças a dividirem-se entre perdas ligeiras e pequenas variações positivas.

Londres subiu 0,35%, Paris valorizou-se 0,09%, ao contrário de Frankfurt, que fechou a perder 0,12%, e de Amesterdão, que desceu 0,16%. Madrid, pelo contrário, conseguiu inverter a queda que registava de manhã e terminou o dia a crescer 0,71%, tal como Milão, que avançou 1,44%. Em Lisboa, o PSI20 também esteve a perder acima de 1%, mas acabou por recuperar, fechando a subir 0,63%. A bolsa nipónica perdera 0,8%, perante as preocupações de que o Covid-19 possa obrigar ao cancelamento dos Jogos Olímpicos no Japão, agendados para Julho próximo.

Os analistas internacionais citados pela agência financeira Bloomberg afirmaram que os investidores estão preocupados com o alastramento do coronavírus, pelo abrandamento que poderá provocar à economia mundial. Os mercados atravessam uma fase de turbulência e a questão que se coloca é a de saber até onde irá a correcção bolsista, salientaram. Normalmente, os investidores consideram que um mercado entra em correcção (de um título ou de um índice) quando há uma queda de 10% ou mais face ao mais recente máximo desse indicador.

Nas anteriores quatro sessões de negociação, cerca de 3000 milhões de dólares foram eliminados do valor das acções mundiais, ao mesmo tempo em que os economistas a reduziam as previsões de crescimento e as empresas estimavam lucros mais baixos devido ao vírus.

O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2763 mortos e cerca de 81 mil infectados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios. Das pessoas infectadas, quase 30 mil recuperaram.

Além dos mais de 2700 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.

A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.

Nos EUA, o organismo para o controlo de doenças e prevenção aconselhou os norte-americanos a estarem preparados para o alastrar do vírus. Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises.

O único caso conhecido de um português infectado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.

Ouro valoriza, petróleo cai

Com o surto do coronavírus, os investidores têm cada vez mais depositado os seus activos em ouro numa tentativa de evitar exposição a activos de risco.

O preço do ouro à vista voltou a valorizar, subindo 0,4%, para cerca de 1641,72 dólares por onça, depois de na segunda-feira passada ter subido aos 1688,66 dólares por onça.

No sentido inverso, as preocupações com o abrandamento económico e, logo, com a redução da procura de petróleo levavam o Brent (de referência para a economia portuguesa) a recuar 1,58%, para 53, 4 dólares para barril, enquanto o petróleo do Texas, o West Texas Intermediate, cedia ao fim do dia 1,2%, para 49,39 dólares por barril.