Pequeno museu na Pensilvânia “recuperou” o seu Rembrandt

Retrato de uma Jovem Mulher (1632) voltou a ver ser-lhe atribuída a autoria do grande mestre holandês. É a obra-prima deste museu de província no leste dos Estados Unidos.

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Retrato de uma Jovem MUlher está datado de 1632 DR

Em 1961, o Museu de Arte de Allentown, uma pequena cidade norte-americana no Estado da Pensilvânia, recebeu a doação de um quadro com o retrato de uma jovem mulher e atribuído a Rembrandt (1606-1669). Mas, na década seguinte, uma averiguação pedida a um comité holandês de especialistas na obra do autor d'A Ronda da Noite, o Rembrandt Research Project, recusou essa autoria defendendo que Retrato de uma Jovem Mulher, datado de 1632, seria um trabalho de um dos assistentes ou discípulos do grande mestre holandês.

Mais recentemente, em 2018, o Museu de Allentown decidiu enviar o quadro para restauro no Instituto de Belas Artes da Universidade de Nova Iorque. O trabalho, realizado durante os últimos dois anos, resultou não apenas na restituição das cores originais desta tela pintada sobre uma tábua de carvalho, mas também da sua ansiada autoria: este Retrato de uma Jovem Mulher será mesmo um Rembrandt — é esta a convicção da equipa que procedeu ao restauro.

“O nosso quadro tinha várias camadas de verniz que escondiam as pinceladas e as cores originais”, disse à Associated Press (AP) Elaine Mehalakes, vice-presidente do departamento de Conservação do Museu de Allentown.

A utilização de modernas técnicas de observação e exame, nomeadamente com o recurso a raios X e infra-vermelhos, permitiu agora, removidas as marcas de um restauro anterior e as que decorrem da passagem do tempo, redescobrir “as pinceladas e a vivacidade que caracterizam outras obras de Rembrandt”, disse à CNN Shan Kuang, que integrou a equipa de restauro da Universidade de Nova Iorque. “Tornou-se então rapidamente muito claro que a pintura era de grande qualidade”, acrescentou esta conservadora.

Por seu lado, Elaine Mehalakes mostrou-se “extremamente emocionada e entusiasmada” com o resultado do restauro. “O retrato tem agora um brilho incrível, que antes não era visível. Agora podemos admirá-lo como o artista o desejou”, acrescentou a dirigente do Museu de Arte de Allentown.

Aconchegado com o resultado do trabalho da equipa da Universidade de Nova Iorque e de outros especialistas — mas não ainda pelo Rembrandt Research Project, que, segundo a CNN, já não se ocupa de autentificações —, o museu americano anunciou já que a 7 de Junho vai abrir ao público uma exposição em que dará a ver o “novo” Rembrandt, acompanhado por uma mostra documental da sua história e do próprio processo de restauro, abrindo-se assim também a um debate mais alargado sobre a nova atribuição.

Mas, por enquanto, o Museu de Allentown “recuperou” o seu Rembrandt. A direcção do museu disse à AP que não pediu nenhuma avaliação do valor de mercado da obra, mas que também não tenciona vender esta obra-prima, que, a partir de agora, brilhará ainda mais entre a colecção de artistas da região desta terra a poucos quilómetros de Nova Iorque.

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