Agressões psicológicas são os actos de violência mais frequentes no namoro

Dados recolhidos em estudo revelam que 13,9% das mulheres e 10,3% dos homens já foram impedidos de trabalhar, estudar ou de sair sozinhos pelos caras-metades.

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Paulo Pimenta

Um estudo nacional sobre violência no namoro em contexto universitário revelou que as agressões psicológicas são as mais frequentes, seguidas de actos de violência social, física e sexual.

Os dados recolhidos entre Abril de 2017 e Janeiro de 2020 basearam-se em 3256 participantes e revelaram não só a quantidade de situações de violência como questões relacionadas com crenças sobre as relações sociais de género. As respostas aos inquiridos deram, por exemplo, a indicação de que 3,6% das mulheres e 15,4% dos homens concordam com a ideia de que o ciúme é uma prova de amor, enquanto 2,3% das mulheres e 3,1% dos homens entendem que homens e mulheres não devem ter direitos e deveres iguais.

Mais de metade dos participantes no estudo, que visa caracterizar este flagelo social a partir da óptica dos estudantes universitários, admitiram já terem sido sido sujeitos a pelo menos um acto de violência no namoro, e 35% reconheceram já o ter mesmo praticado. Embora a violência no namoro seja sofrida e praticada por ambos os sexos, são os homens quem mais a ela recorre.

Relativamente ao tipo de violência, a psicológica prevalece nas relações de namoro, seguida da violência social, da física e, por fim, da violência sexual. Do total de inquiridos, 23,4% das mulheres e 19,6% dos homens já foram criticados, insultados, difamados e acusados sem razão e 20,7% das mulheres e 11,1% dos homens já foram controlados na forma de vestir, no penteado ou na imagem, nos locais frequentados, nas amizades ou companhias.

O estudo diz ainda que 16,4% das mulheres e 9,4% dos homens já foram ameaçados verbalmente ou através de comportamentos que causam medo, como por exemplo gritos, partir objectos ou rasgar a roupa. Ainda segundo os dados recolhidos, 14,1% das mulheres e 9,7% dos homens já foram impedidos de contactar com a família, amigos e ou vizinhos e 13,9% das mulheres e 10,3% dos homens já foram impedidos de trabalhar, estudar ou de sair sozinhos.

Outro dado revelado pelo estudo é de que 10% das mulheres e 7,9% dos homens já foram magoados fisicamente, empurrados, pontapeados ou esbofeteados e 9,5% das mulheres e 5,2% dos homens já foram obrigados a ter comportamentos sexuais não desejados. Ameaças de morte, atentados contra a vida ou ferimentos que obrigaram a receber tratamento médico vitimaram 6,9% das mulheres e 5,5% dos homens interrogados. 

Quem praticou e quem sofreu violência no namoro apresenta crenças sobre as relações sociais de género mais conservadoras do que quem nunca se viu envolvido neste fenómeno. Os homens apresentam crenças mais conservadoras sobre as relações sociais de género.

O trabalho mostra ainda que 12,2% das mulheres e 27,4% dos homens entendem que algumas situações de violência doméstica são provocadas pelas mulheres e 5,9% das mulheres e 11,8% dos homens acham que as mulheres que se mantêm em relações amorosas violentas são masoquistas.

O Estudo Nacional da Violência no Namoro em Contexto Universitário é uma iniciativa da Associação Plano i no âmbito do Programa UNi+, financiada pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade e pelo Fundo Social Europeu no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE) do Portugal 2020.