Movimento Somos Coimbra põe em causa viabilidade da Linha do Hospital

Projecto do trajecto urbano do metrobus esteve em consulta pública até ao final de Janeiro.

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ADRIANO MIRANDA

O Pólo I da Universidade de Coimbra não é servido, não é publicado o impacto da reorganização do trânsito na cidade, o congestionamento na Cruz de Celas vai aumentar e não são conhecidos os riscos de bloqueios ou congestionamento nos pontos em que os autocarros eléctricos terão que partilhar a via com os restantes automóveis. Estes são alguns reparos feitos pelo movimento Somos Coimbra (SC), que elegeu dois vereadores para a Câmara Municipal de Coimbra (CMC), à Linha do Hospital, o trajecto de metrobus que vai ligar a beira-rio ao hospital pediátrico, passando pelo miolo da cidade.

Os comentários ao projecto são assinados por Ana Bastos, a vereadora do movimento, que é também especialista em transportes e vias de comunicação e professora na Universidade de Coimbra, refere a nota de imprensa do Somos Coimbra enviada nesta quarta-feira às redacções.

O movimento considera que o estudo de conformidade ambiental, que esteve em consulta pública entre o final de Dezembro e 20 de Janeiro, “permitiu ter acesso a muitos elementos que, quando foi aprovado o projecto na Câmara Municipal, não estavam disponíveis”.

Assim, tal como já tinha feito em reunião de câmara, a vereadora Ana Bastos nota que “o Pólo I da Universidade não é servido, com o traçado proposto a ficar mais longe (Praça da República) do que o projecto anterior que, apesar de usar carris, passava pela Praça do Papa João Paulo II (Arcos do Jardim)”. O projecto anterior, lançado em 2010 mas interrompido pouco depois, era de um metropolitano ligeiro de superfície. “A falta de resolução desta debilidade, que fará perder ao sistema inúmeros utilizadores, justifica, só por si, a não aprovação desta solução”, lê-se no texto do movimento. O presidente da CMC, Manuel Machado, já disse que estava a ser estudada uma ligação complementar à Alta Universitária.

Também a ligação e integração do metrobus com a rede dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra são apontadas como falhas no documento. O mesmo se aplica aos circuitos pedonais que passam a servir cada uma das nove paragens do metrobus na Linha do Hospital, sustenta o SC.

Acresce que “os relatórios não abordam os impactes resultantes da redistribuição do tráfego associados à eliminação de alguns sentidos de trânsito em eixos entretanto ocupados pelo metrobus” e que “Largo da Cruz de Celas vai ficar sujeito a congestionamentos superiores aos actuais, pois a sua reserva de capacidade é significativamente reduzida”. Para ultrapassar este obstáculo, o projecto do metropolitano previa a construção de um túnel “que por razões meramente económicas, agora é eliminado sem alternativas nem explicações”.

O Orçamento de Estado para 2020 prevê 22 milhões de euros para arrancar com a empreitada do Sistema de Mobilidade do Mondego, uma obra que começará pela linha suburbana, que ligará Serpins, na Lousã, ao Alto de S. João, à entrada de Coimbra, depois de passar por Miranda do Corvo. O governo prevê que a Linha do Hospital esteja a funcionar em 2023.

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