Isabel Camarinha na calha para suceder a Arménio Carlos à frente da CGTP

Sindicalista foi escolhida para ser candidata a secretária-geral durante o mandato de quatro anos. Votação será no congresso de sexta-feira e sábado no Seixal.

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Isabel Camarinha foi candidata pela CDU nas eleições europeias e legislativas de 2019

Pela primeira vez a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) poderá ser liderada por uma mulher. A sindicalista Isabel Camarinha, de 59 anos, perfila-se para ser a sucessora de Arménio Carlos à frente da central. O seu nome foi proposto como candidata a secretária-geral a eleger no congresso que se realiza no Seixal na sexta-feira e no sábado, onde, tudo indica, o deverá ser aprovada.

Camarinha é presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) e faz parte da actual comissão executiva da Intersindical. A confirmar-se a sua eleição pelo próximo Conselho Nacional, Isabel Camarinha será a primeira mulher secretária-geral da Inter, sucedendo a Arménio Carlos, Manuel Carvalho da Silva e Armando Teixeira da Silva no ano em que a central completa o 50.º aniversário.

Para Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, a escolha de uma mulher acontece porque Camarinha “tem condições” para essa nomeação. “Ficamos contentes por ser uma mulher, mas podia ser uma mulher ou homem. Temos sempre presente o critério da paridade nos órgãos de decisão”, afirmou Avoila. Para a coordenadora, Isabel Camarinha irá “continuar o trabalho que tem sido feito e que é necessário continuar a fazer”.

A proposta de candidatar a sindicalista foi apresentada na última reunião da actual comissão executiva desta segunda-feira. Segundo a agência Lusa, o seu nome contou apenas com a abstenção dos cinco elementos da corrente sindical socialista com assento neste órgão. Os restantes 24 membros votaram a favor.

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Técnica administrativa, Camarinha é presidente do CESP há quatro anos e coordenadora da Federação dos Sindicatos do Comércio e Serviços de Portugal, fazendo parte da comissão executiva da CGTP desde essa altura por inerência de funções. Membro do PCP, foi candidata a deputada pela CDU nas últimas eleições legislativas, integrando em oitavo lugar da lista de Lisboa, distrito onde a CDU elegeu quatro deputados. Também foi candidata nas europeias do ano passado em 13.º lugar.

No sindicato foi coordenadora da direcção regional de Lisboa e é, desde 2016, coordenadora da Direcção Nacional da Federação Portuguesa dos Sindicatos de Comércio, Escritórios e Serviços.

Será uma liderança para quatro anos. Como a sindicalista tem 59 anos poderá fazer apenas um mandato, por causa das regras internas que determinam que não se deverá candidatar quem vier a atingir a idade legal da reforma durante o mandato seguinte.

Arménio Carlos completa agora oito anos à frente da Intersindical e, ao fim de cerca de 35 anos dedicado ao sindicalismo, voltará à Carris, onde é electricista. O actual secretário-geral sucedeu em 2012, em pleno período da troika, a Manuel Carvalho da Silva, que fora secretário-geral desde 1986.

Com 65 anos, Arménio Carlos já não se poderia candidatar de novo à comissão executiva pois atingirá a idade legal da reforma durante o mandato que agora se iniciará. O mesmo acontecera com Carvalho da Silva em 2012.

Tal como Arménio Carlos, da comissão executiva do Conselho Nacional da CGTP vão sair outros membros que atingem o limite de idade, como é o caso de Ana Avoila, que também deixará de ser a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública.

Saem da comissão executiva nove pessoas, entre os quais estão sindicalistas das várias correntes da Inter. Além de Arménio Carlos e Ana Avoila, já não farão parte do novo órgão Deolinda Machado, Graciete Cruz, Carlos Trindade, João Torres, Fernando Jorge Fernandes, Augusto Praça e Carlos João Tomás. Cinco são da corrente comunista, três são membros da corrente socialista e uma da corrente católica.

Os 147 membros do próximo Conselho Nacional terão a primeira reunião na noite de sexta-feira, de onde sairá a próxima liderança. Caberá já à nova secretária-geral discursar no sábado, no encerramento dos trabalhos do XIV congresso, marcado para o Pavilhão Municipal da Torre da Marinha​, no Seixal.