Acabou o impeachment. Trump foi absolvido pelos senadores republicanos – só Romney condenou o Presidente
Os democratas vão ter de esperar pelas eleições de Novembro para ter outra oportunidade de afastar Trump. Romney foi o único republicano a votar a favor das acusações de abuso de poder contra Trump.
Mitt Romney, um dos muitos críticos de Donald Trump no Partido Republicano antes das eleições de 2016, e um dos poucos que se mantêm na oposição mais de três anos depois, votou a favor da condenação do Presidente norte-americano no julgamento que terminou esta quarta-feira no Senado. Mas foi o único entre os republicanos e Trump foi absolvido da acusação de abuso de poder, a primeira a ser votada: 52-48. Quanto à acusação de obstrução ao Congresso, o Presidente foi absolvido com os votos de todos os republicanos, 53.
“Tendo o Senado julgado Donald John Trump, Presidente dos Estados Unidos, sobre dois Artigos de Destituição avançados contra ele pela Câmara de Representantes, e tendo dois terços do senadores presentes considerado que não é culpado das acusações ali contidas: é, assim, ordenado e decretado que o dito Donald John Trump seja, e é a partir de agora, absolvido das acusações nos referidos artigos”, leu o juiz do Supremo John Roberts, terminado um processo de 135 dias e mais de 28 mil páginas de documentos e testemunhos.
Momentos antes de a decisão ser anunciada já a campanha de Trump se regozijava com a absolvição, num comunicado em que acusa os democratas de usarem este expediente para afastar Trump, por saberem que “não conseguem vencer” – uma “táctica para invalidar os votos de 63 milhões de americanos em 2016”. A declaração de Brad Pascale, que gere a campanha de Trump, termina dizendo que este “embuste de destituição ficará na história política norte-americana como o pior erro de cálculo jamais feito”.
Apesar do voto de Mitt Romney (a favor da acusação de abuso de poder e contra a de obstrução do Congresso), o primeiro senador na história norte-americana a condenar um presidente do seu partido, Trump tinha a sua absolvição garantida. Para uma condenação seriam precisos pelo menos 67 votos, e o Partido Democrata conta, no máximo, com 48 (47 mais o senador republicano).
Ao dirigir-se aos colegas para explicar a sua decisão, Romney disse que Trump “é culpado de um terrível abuso da confiança pública”. “Sei que as consequências vão ser enormes”, disse o senador do Utah, referindo-se à esperada reacção da Casa Branca e dos apoiantes de Trump. “Mas acredito que tentar corromper uma eleição para se manter no poder é o maior ataque que pode ser feito à Constituição.”
Romney foi o candidato do Partido Republicano à Casa Branca em 2012, perdendo com Barack Obama. Nessa altura, a relação entre Romney e Trump era tão cordial que o empresário apoiou o candidato republicano. “Mitt é duro, é esperto, é perspicaz, não vai permitir que continuem a acontecer coisas más a este país”, disse Trump em 2012.
Quatro anos depois, quando Trump começava a consolidar a sua vantagem no topo dos candidatos do Partido Republicano, figuras como Mitt Romney e o senador do Arizona, John McCain, não esconderam a sua aversão à ideia de ver o empresário na presidência dos Estados Unidos. “Se escolhermos Trump, as possibilidades de um futuro seguro e próspero ficarão diminuídas. As políticas internas levariam à recessão. E as políticas externas fariam da América e do mundo lugares menos seguros”, disse Romney em Março de 2016.
Trump respondeu no Twitter: “Parece que o candidato falhado Mitt Romney anda a dizer aos republicanos como se ganha uma eleição. Não é um bom mensageiro!”
Para surpresa geral, Trump chamou Romney depois da eleição de 2016, para uma possível escolha como secretário de Estado. Mas a conversa não deu em nada.
“Olhando para trás, é óbvio que Donald Trump convidou Mitt Romney só para o torturar”, disse na altura Roger Stone, um velho amigo de Trump que foi condenado em 2019 na sequência das investigações sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016 nos Estados Unidos.