Neste jogo ganha quem “infecta o mundo”. E está a ficar viral na China
Enquanto o país lida com os efeitos do novo coronavírus, o jogo Plague Inc., em que os utilizadores têm de criar uma patologia para “acabar com a humanidade”, está a disparar em popularidade.
Esta semana, as autoridades de Wuhan – onde apareceram os primeiros casos do novo coronavírus – suspenderam os serviços de transportes públicos e colocaram a cidade chinesa em isolamento, de forma a tentar conter a propagação do vírus que até agora matou 26 pessoas. Ao mesmo tempo que a epidemia se agrava, jogos online que simulam cenários de pragas e catástrofes estão a aumentar de popularidade.
Esta quarta-feira, segundo o portal de análise de dados Sensor Tower, um jogo online escalou a tabela de vendas e chegou ao primeiro lugar na loja iOS da China. Trata-se de Plague Inc., um jogo de estratégia em que os jogadores têm de conceber e desenvolver uma patologia para “acabar com a humanidade”. Também Rebel Inc. está a registar uma subida repentina em downloads na China, conta a Quartz. Nele, os jogadores precisam de trazer estabilidade a um país atormentado e dividido pela guerra, ao mesmo tempo que a população luta contra a ameaça de uma “insurgência mortal”.
Os dois jogos são desenvolvidos pela empresa independente inglesa Ndemic Creations. “Consegues infectar o mundo?” é a questão através da qual os criadores de Plague Inc. resumem a premissa da simulação de estratégia, lançada em Maio de 2012. Os jogadores que têm de desenvolver a “praga mortal” podem escolher entre uma série de doenças, desde bactérias e fungos a vírus, parasitas ou ainda bio-armas, que “matam tudo aquilo que tocam”.
O salto em popularidade destes jogos apocalípticos surge num momento em que ninguém entra ou sai da cidade chinesa. A Quartz assinala ainda que vários jogadores “escolheram a China como o país a partir do qual o vírus se espalha para outros locais, para terem uma experiência mais imersiva”. E destacam o “realismo fascinante” da simulação.
Para além disto, a Reuters avança que o filme sul-coreano de 2013 Flu foi, na quarta-feira, o mais pesquisado na rede social chinesa Douban. No filme, realizado por Kim Sung-su, um homem morre devido a um vírus letal desconhecido e, não muito tempo depois, milhões de pessoas começam a apresentar os mesmos sintomas. O vírus, que não tem cura, é transmitido pelo ar e consegue matar o doente em 36 horas.
Devido ao surto, todos os voos de partida e chegada para a cidade de Wuhan estão suspensos. O novo coronavírus já fez 26 vítimas mortais e o número de infectados subiu para 840, pelo menos. Fora da China, já foram confirmados casos em países como Coreia do Sul, Hong Kong, Japão, Macau, Singapura, Tailândia, Taiwan, Vietname e Estados Unidos. No Reino Unido, 14 pessoas foram submetidas a exames médicos por suspeita de infecção. Macau já encerrou vários espaços culturais e desportivos e adiou o regresso às aulas para Fevereiro. A Organização Mundial da Saúde declarou que ainda é cedo para dizer que a epidemia constitui um caso de emergência global de saúde pública.