Actriz Regina Duarte inicia período de “testes” na Secretaria da Cultura do Brasil
Nem a actriz nem o Governo de Bolsonaro revelaram ainda se o convite para assumir a pasta foi aceite, mas Regina Duarte visita o Palácio do Planalto esta quarta-feira. Bolsonaro escreveu que o noivado “possivelmente trará frutos” para o Brasil.
A actriz Regina Duarte vai visitar o Palácio do Planalto na quarta-feira para o que diz ser uma fase de testes como secretária da Cultura do Governo do Presidente Jair Bolsonaro. A informação foi avançada por fonte do Governo.
“Depois de uma conversa produtiva com o Presidente Jair Bolsonaro, Regina Duarte estará em Brasília na próxima quarta-feira para conhecer a Secretaria Nacional de Cultura do Governo federal”, lê-se no comunicado citado pelo jornal O Estado de São Paulo.
Sobre a reunião com Bolsonaro, a actriz afirmou que “estão noivando”. “Nós vamos noivar, vou ficar noiva, vou lá conhecer onde vou habitar, quais são os guarda-chuvas que abrigam a pasta, enfim, a família” disse Regina Duarte à Folha de São Paulo.
De acordo com o mesmo jornal, o objectivo da nomeação passa por “pacificar” o sector, uma das áreas mais negligenciadas pelo Executivo. “Quero que seja uma gestão para pacificar a relação da classe com o Governo. Sou apoiante deste Governo desde sempre e defendo a classe artística desde os 14 anos”, referiu ainda a actriz.
O chefe de Estado brasileiro fez também uso da metáfora do “noivado” para descrever o encontro com Regina Duarte, que “possivelmente trará frutos” culturais para o país. “Tivemos uma excelente conversa sobre o futuro da cultura no Brasil. Iniciamos um “noivado” que possivelmente trará frutos ao país”, escreveu Bolsonaro na rede social Twitter, partilhando ainda uma fotografia com Regina Duarte, no Rio de Janeiro.
Regina Duarte foi convidada para assumir a secretaria de Cultura pelo Presidente Jair Bolsonaro no passado sábado. A actriz não se pronunciou de imediato sobre o convite, mas publicou no mesmo dia na sua conta de Instagram uma mensagem de apoio ao Governo. Na legenda de uma fotografia com os feitos de Bolsonaro, escreveu: “Nunca é demais lembrar o tanto de respeito que este governo tem pelo seu povo”.
No sábado, a Folha de São Paulo escreveu que a escolha de Regina Duarte é fruto da influência da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, com quem a actriz participa num projecto de voluntariado — a artista já tinha, aliás, sido convidada para integrar o Governo de Bolsonaro no início de 2019, mas recusou o convite.
A actriz ganhou fama em vários países como protagonista de “Malu Mulher” (1979), uma das séries de maior sucesso no Brasil. Regina Duarte participou ainda em novelas de grande sucesso em Portugal como “Roque Santeiro”, “História de Amor” e “Páginas da Vida”.
Em 2018, a actriz declarou o seu apoio a Bolsonaro e, durante a campanha, visitou o agora chefe de Estado na sua residência no Rio de Janeiro, enquanto o político recuperava de uma facada que sofreu durante um comício eleitoral.
Se aceitar o cargo, a actriz será a responsável máxima pela Cultura no Governo, substituindo Roberto Alvim. O ex-responsável pela Cultura, que copiou um discurso muito conhecido do ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, foi demitido na sexta-feira pelo Palácio do Planalto. Alvim disse que não teve a intenção de fazer uma associação com o nazismo no discurso divulgado num vídeo na conta de Twitter da Secretaria Especial da Cultura, na quinta-feira à noite, com uma estética que remetia para o fascismo e em que dizia que “a arte brasileira da próxima década será heróica e será nacional”.