Amesterdão vai comprar dívidas dos jovens para que tenham “um bom futuro”
Cerca de 34% dos jovens residentes admitem estar endividados e não conseguir entrar no mercado de trabalho ou investir na educação. O projecto que os ajudará a “recomeçar do zero” será lançado em Fevereiro de 2020.
A cidade de Amesterdão vai assumir as dívidas do seus jovens adultos como parte de um esforço para os ajudar a pagar os estudos. O aumento de pedidos de empréstimos entre os jovens holandeses — problema que afecta não só os Países Baixos como também outros países europeus — está a impedir que concluam os cursos no ensino superior e a atrasar a entrada no mercado de trabalho.
De acordo com um comunicado da cidade de Amesterdão, cerca de 34% dos habitantes com idades compreendidas entre os 18 e 34 anos estão endividados, mas o município quer “ajudá-los para que possam começar do zero”. “Para a maioria dos jovens amesterdaneses endividados, tudo começou com pagamentos em atraso. Por falta de sorte ou de informação, acabaram numa situação da qual não conseguem sair sem ajuda. Os valores [das dívidas] variam entre o valor de uma conta telefónica em atraso e dezenas de milhares de euros”, lê-se na nota que anuncia a medida.
As negociações vão funcionar da seguinte maneira: uma equipa vai elaborar um plano à medida de cada jovem, focado na procura de um emprego ou no início do seu percurso no ensino superior. O Kredietbank Amsterdam, uma instituição financeira municipal, vai negociar, numa fase posterior, a compra da dívida com os credores. O programa será lançado oficialmente em Fevereiro de 2020.
O devedor original pode pagar a dívida que restar de acordo com a sua capacidade e parte desta pode vir a ser “perdoada”, à medida que o jovem em questão se esforça para encontrar trabalho ou para "aprimorar a sua educação”. O próprio município vai doar 750€ aos credores por cada etapa do programa para "tornar a sua participação mais atraente”.
“A cidade de Amesterdão acredita que todos os jovem merecem uma oportunidade para terem um bom futuro. As dívidas não devem atrapalhar os seus empregos e educação. Infelizmente é isso que acontece em muitos casos. Com esta nova abordagem, queremos dar aos jovens a oportunidade de construir o seu futuro”, refere o município em comunicado.
Nos últimos anos, a dívida dos estudantes holandeses aumentou para uma média de 12.400 euros (em 2015) para 13.700 euros (em 2019). Além deste acréscimo, também o número de pessoas com dívidas referentes à educação ainda por pagar chegou aos 1,4 milhões.