No Vale de Rendena, as vacas têm tempo para sorrir
No Norte de Itália, na província de Trento, a raça autóctone da vaca Rendena faz parte do movimento Slow Food. Os produtos que derivam do seu leite e carne são alimentos bons, limpos e justos. E, hoje em dia, os alimentos que o “consumidor atento” quer comer são estes… Se é para comer produtos derivados de animais, que sejam destes.
Vale de Rendena, Itália. Estamos em Maio. Rosina é largada em pasto livre no sopé da montanha, após os meses mais frios e de muita neve. Enquanto esta última derrete, erva verde, acabada de nascer e muito nutritiva (são ainda os primeiros rebentos, cheios de nutrientes), começa a despontar. Rosina sabe-o, anos de genética e criação ao ar livre ensinaram-lhe o processo, e por isso lentamente vai pastando e subindo a montanha, sempre em busca de erva acabada de nascer. Enquanto sobe em altitude, pisa o terreno, calcando a erva e amassando a terra, e esta acção, vezes sem conta, tem um efeito ambiental: evitar que quando a neve derrete, a terra deslize e, em consequência, se dêem derrocadas, tão comuns quando há uma grande parte rochosa na montanha, como aqui nesta zona das Dolomitas. Rosina tem 13 anos, é uma vaca de raça Rendena, e está em contacto directo com a terra-mãe, numa relação natural e ancestral, que nós, como ser humanos, às vezes parecemos esquecer. E que não nos lembramos certamente a maior parte das vezes que metemos uma garfada de carne na boca.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.