Isabel dos Santos diz que serviços de segurança angolanos lhe entraram nos computadores em Portugal

Serviços de segurança angolanos “forjaram e falsificaram” provas contra si nas empresas em Portugal, queixa-se a filha do ex-presidente de Angola.

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Reuters/Toby Melville

A empresária Isabel dos Santos acusou os serviços de segurança de Angola de terem entrado nos servidores das suas empresas em Portugal e “forjado e falsificado” provas contra si.

Numa entrevista publicada esta segunda-feira no Financial Times, a filha do ex-presidente de Angola, que em Portugal é accionista da Galp, da Nos, do Eurobic e da Efacec, disse estar disposta a defender-se nos tribunais angolanos, embora tenha pouca confiança no sistema judicial.

Na semana passada, o Tribunal Provincial de Luanda deferiu o pedido do Ministério Público de Angola e decretou o arresto preventivo de bens e contas bancárias da empresária, do marido, Sindika Dokolo, e do seu homem de confiança, o gestor Mário Silva. Em causa estão alegadas perdas para o Estado angolano no valor de mil milhões de euros.

Em declarações telefónicas prestadas, segundo o Financial Times, a partir de um país africano não identificado onde procurou refúgio por temer pela sua segurança, Isabel dos Santos assegurou que está já a preparar-se para combater na justiça o que considera uma tentativa para desmantelar os seus negócios e “apagar o legado” dos 38 anos de governação do seu pai.

Recusando a acusação de tentativa de envio de dez milhões de euros de uma conta no Millennium BCP para a Rússia (que, segundo a justiça angolana, foi travada pela Polícia Judiciária), Isabel dos Santos queixou-se de estar a ser alvo de uma “caça às bruxas com motivações políticas” e afirmou que “toda a gente” na sua família “sabe que o Presidente [João] Lourenço está numa guerra contra o ex-presidente [José Eduardo] Dos Santos”.

A empresária rejeitou a ideia de que deve a sua fortuna – avaliada pela Forbes em 2,2 mil milhões de dólares – ao facto de o seu pai ter estado quase 40 anos no poder e sublinhou que “trabalha no sector privado”.

“É importante que se perceba que já trabalho nisto há mais de duas décadas; não me tornei a principal empresária angolana do dia para a noite”, afirmou.

De acordo com o jornal, também elogiou a sua capacidade de gestão e o contributo para a criação de empregos: “A imprensa chama-me princesa. Não conheço muitas princesas que se levantem da cama e construam supermercados”, disse.

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