Um ano para confirmar a renovação geracional
A conquista de torneios do Grand Slam tem sido praticamente um exclusivo de Federer, Nadal e Djokovic nas últimas décadas. Em 2020, há a expectativa de ver um tenista mais jovem a impor-se num major.
Foi em 2007 que Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer repartiram entre si os lugares cimeiros do ranking mundial pela primeira vez. Doze anos passados - e pela oitava época -, o Big 3 voltou a terminar o ano no topo do ténis masculino. Os excelentes resultados e a ascensão no ranking de vários tenistas com menos de 24 anos traduziram-se numa aproximação entre gerações, mas será em 2020 que se espera assistir à derradeira confirmação da anunciada renovação: um jogador (mais) jovem a vencer um torneio do Grand Slam.
Com Nadal (33 anos), Djokovic (32) e Federer (38) ainda na corrida por terminar a carreira com o máximo de títulos do Grand Slam possível, a tarefa da nova geração tem sido dificultada nestas provas em que se joga à melhor de cinco sets e em que a maturidade física é um factor relevante. Aliás, na última década, apenas três jogadores fora do Big 3 - Stan Wawrinka, Andy Murray e Marin Cilic - venceram majors e todos já com mais de 25 anos.
Na actualidade, Dominic Thiem, com 26 anos, já ameaçou por duas vezes quebrar o reinado de Nadal em Roland Garros e, apesar da difícil tarefa, continua a ser o mais bem colocado para se intrometer no domínio do Big 3. Embora mais velho, o austríaco é da geração seguinte à de Nadal, Djokovic e Federer - três dos 18 jogadores com 30 ou mais anos que fecharam o ano no top 50 (no top 100, são 33).
Mas são os jogadores da Next Gen (menos de 22 anos) que têm centrado mais as atenções. Na linha da frente, surgem Stefanos Tsitsipas, o mais jovem semifinalista num Grand Slam desde 2007 e o mais jovem vencedor das ATP Finals desde 2001, e Daniil Medvedev, o mais jovem finalista desde 2010 num major, no US Open, ponto alto de uma segunda metade da época fantástica. Ambos se fixaram, durante o ano de 2019, no top 6 do ranking mundial.
Além de Tsitsipas (21 anos) e Medvedev (23), mais dois jogadores sub-24 terminaram no top 10: Alexander Zverev (22), vencedor das ATP Finals em 2018, manteve-se perigoso à melhor de três sets e terminou no top 10 pelo terceiro ano consecutivo, mas não conseguiu evoluir nos majors - dois quartos-de-final na carreira; Matteo Berrettini (23) surpreendeu ao trepar mais de 40 lugares ao longo de 2019 e mostrou qualidades que o levaram às meias-finais do US Open.
Num ranking no qual surgem 13 jogadores da Next Gen no top 100, destaque para Denis Shapovalov (20), Alex de Minaur (20) e Felix Auger-Aliassime (19), os mais jovens a fechar a época no top 25.
No circuito feminino, deverá manter-se a ausência de uma incontestável número um, estatuto que Serena Williams ostentou até 2017, quando se retirou para ser mãe. Desde o último torneio conquistado pela norte-americana (Open da Austrália, em Janeiro de 2017) disputaram-se 11 provas do Grand Slam com nove vencedoras diferentes: apenas Naomi Osaka e Simona Halep bisaram.
No regresso à competição, Serena, agora com 38 anos, voltou a jogar a um bom nível, mas, ao sair derrotada das quatro finais do Grand Slam que disputou desde então, perdeu essa aura de imbatível nos grandes momentos, ao mesmo tempo que elevou a ambição das demais jogadoras, com destaque para uma nova geração - apenas um dos 54 torneios foi ganho por uma tenista com mais de 30 anos.
Esse grupo de jovens jogadoras é liderado pela actual número um do ranking, Ashleigh Barty (23 anos), e inclui ainda Osaka (22), Bianca Andreescu (19), Elina Svitolina (25), Belinda Bencic (22), Aryna Sabalenka (21), Madison Keys (24), Sofia Kenin (21) e Marketa Vondrousova (20), todas no top 16.
O ano de 2020 marca igualmente o regresso de dois ex-número um mundiais: Andy Murray, detentor de três títulos em majors, volta ao circuito a tempo inteiro, após o Open da Austrália; Kim Clijsters regressa oito anos após a retirada, com quatro títulos do Grand Slam de 2005 a 2011.