Kim Jong-un ameaça voltar a testar armas atómicas

Líder da Coreia do Norte diz que já não se sente constrangido pela moratória que ele próprio impôs, há dois anos, enquanto decorriam negociações com os EUA e critica exercícios militares norte-americanos com Seul e novas sanções.

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Norte-coreanos assistem à mensagem de Kim Jong-un EPA/JEON HEON-KYUN

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, ameaçou retomar os testes de mísseis de longo alcance ou de armas nucleares, suspensos durante as negociações com os Estados Unidos da América (EUA), confirmando que “no futuro próximo vai ser testada uma nova arma estratégica”.

Há mais de dois anos que a Coreia do Norte não faz testes de mísseis de longo alcance, ou de armas nucleares. Isso não se deve a nenhum acordo diplomático, mas antes a uma moratória auto-imposta por Kim Jong-un, anunciada pelo líder de Pyongyang no início da sua relação pessoal com o Presidente dos EUA, quando depositava ainda grandes esperanças em negociações que pudessem ter resultados benéficos para o regime norte-coreano, nomeadamente através do levantamento de sanções. Nada disso se passou - apenas aconteceram algumas fotos históricas, nos encontros entre Trump e Kim.

Durante o ano de 2019, as relações degradaram-se bastante, com a Coreia do Norte a acusar os EUA de “hostilidade”, pondo violentamente em causa a actuação do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo. Isto apesar de Trump e Kim se terem encontrado na Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias em Junho - e o Presidente norte-americano se ter tornado o primeiro líder dos Estados Unido a pisar território da Coreia do Norte, 

No âmbito da quinta reunião plenária do actual Comité Central do Partido dos Trabalhadores, Kim Jong-un disse que não há razão para preservar a medida activada desde 2018 pela Coreia do Norte sobre o ensaio de armas de destruição em massa, considerando que houve uma falta de propostas por parte dos EUA.

As palavras do líder norte-coreano, reproduzidas esta quarta-feira pela agência estatal KCNA, representam um possível revés nas negociações sobre desnuclearização.

Apesar de ameaçar retomar os testes de mísseis atómicos e intercontinentais, Kim Jong-un deixou uma porta aberta para o diálogo, referindo que o aumento da capacidade nuclear de Pyongyang fica dependente da “atitude futura dos EUA” para com a Coreia do Norte.

Este ano, o líder norte-coreano optou por não fazer um discurso de Ano Novo, mas publicou uma mensagem na página da assembleia. Na mensagem, Kim disse que Washington respondeu à moratória do regime com exercícios militares realizados em conjunto com a Coreia do Sul e com novas sanções. “Sob tais condições, já não há base para nós no que se refere a manter este compromisso unilateral [de suspender os testes de armas] durante mais tempo”, assegurou Kim Jong-un, dirigindo-se às elites do partido norte-coreano.

“Os actos hostis e a ameaça nuclear contra nós estão aumentando”, advertiu o líder norte-coreano, segundo a agência estatal KCNA, afirmando que “o mundo testemunhará uma nova arma estratégica que estará na posse da República Popular Democrática da Coreia [nome oficial do país] num futuro próximo”.

Com a “nova arma estratégica”, Kim referia-se, provavelmente, a um novo tipo de míssil balístico intercontinental (ICBM). Recentemente, o regime norte-coreano realizou dois testes que podem ser novos motores para o ICBM.