Mau tempo: cheias no Mondego vão manter-se nos próximos dias

Autoridades estão preocupadas com as próximas semanas e com possíveis fragilidades nos diques, devido à pressão do volume de caudal dos últimos dias.

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Campos inundados em Montemor-o-Velho, inundados, no baixo Mondego LUSA/PAULO NOVAIS
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Bicicleta de estrada
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As cheias na zona do Baixo Mondego ainda preocupam as autoridades, apesar do caudal do rio ter diminuído face aos valores acima do nível de segurança registados no sábado. “O comportamento do rio Mondego ainda nos preocupa e ainda nos preocupará nos próximos dias, eu diria também nas próximas semanas”, disse este domingo aos jornalistas Carlos Luís Tavares, Comandante Operacional Distrital de Coimbra (CODIS).

O comandante operacional afirmou que as previsões meteorológicas são "favoráveis” para os próximos dias, “sem registo de precipitação” — o que permite, em conjunto com a gestão na barragem da Aguieira, baixar os caudais no Açude-Ponte de Coimbra “para valores entre os 1.700 a 1.800 metros cúbicos por segundo (m3/s)”, quando no sábado chegaram aos 2.200 m3/s, acima do valor de segurança de 2.000 m3/s.

“Ainda assim, estes caudais são preocupantes. Porque a pressão no dia de ontem [sábado] andou na ordem dos 2.200 m3/s e pode ter criado alguma fragilidade [nos diques] que temos de, diariamente, minuto a minuto, acompanhar, quer na margem direita quer na margem esquerda”, enfatizou.

Carlos Luís Tavares disse ainda que a abertura no dique da margem direita do Mondego, que colapsou na tarde de sábado, tem “entre 50 a 100 metros”.

No concelho de Albergaria-a-Velha ainda continuam muitas estradas municipais cortadas Adriano Miranda/Público
Remadores movimentam barcos do Centro Náutico de Montemor-o-Velho Lusa/PAULO NOVAIS
O rio Vouga galgou as margens cortando estradas municipais e a A25 Adriano Miranda/Público
Terrenos agrícolas junto ao Rio Vouga em Cacia Adriano Miranda/Público
São vários os prejuizos nos acessos aos terrenos agrícolas Adriano Miranda/Público
A estrada que liga Cacia a Angeja continua cortada Adriano Miranda/Público
O parque de madeiras da fábrica Navigator em Cacia ficou inundado Adriano Miranda/Público
Pela manhã começaram as limpezas Adriano Miranda/Público
Adriano Miranda/Público
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Foram vários os populares que esta manhã vieram ver os estragos Adriano Miranda/Público
Largo de Angeja Adriano Miranda/Público
Muitas estradas ficaram danificadas com a força da água Adriano Miranda/Público
Os terrenos agrícolas continuam submersos Adriano Miranda/Público
A subida da água em Formoselha Sérgio Azenha
Casas e estruturas agrícolas cobertas de água, em Ceira LUSA/PAULO NOVAIS
Sérgio Azenha
Sérgio Azenha
Uma viatura coberta de água devido à subida do rio Ceira, distrito de Coimbra LUSA/PAULO NOVAIS
Militares da GNR ajudam uma condutora numa viatura avariada, em Formoselha LUSA/PAULO NOVAIS
A subida do nível da água do rio Ceira, em Coimbra LUSA/PAULO NOVAIS
Madeira arrastada pela água presa numa antiga ponte LUSA/PAULO NOVAIS
O parque verde do Mondego coberto de água, em Coimbra LUSA/PAULO NOVAIS
O parque verde do Mondego coberto de água, em Coimbra LUSA/PAULO NOVAIS
Casas e estruturas agrícolas cobertas de água, em Ceira LUSA/PAULO NOVAIS
Casas e estruturas agrícolas cobertas de água, em Ceira LUSA/PAULO NOVAIS
Casas e estruturas agrícolas cobertas de água, em Ceira LUSA/PAULO NOVAIS
Casas e estruturas agrícolas cobertas de água, em Ceira LUSA/PAULO NOVAIS
Ciclistas observam uma estratada inundada Lusa/PAULO NOVAIS
Campos do Baixo Mondego inundados pela água do rio Mondego LUSA/PAULO NOVAIS
Um condutor inverte a marcha na estrada entre Tentúgal e Figueira da Foz LUSA/PAULO NOVAIS
Os bombeiros tentam perceber o nível das águas nos campos inundados em Montemor-o-Velho Lusa/PAULO NOVAIS
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No concelho de Albergaria-a-Velha ainda continuam muitas estradas municipais cortadas Adriano Miranda/Público

“Aquilo que prevíamos veio a acontecer, com o colapso de uma das margens, felizmente foi a margem direita [em que a água do rio corre para os campos agrícolas] e não a margem esquerda, que envolveria muito mais gente [por estar mais perto de povoações, localizadas entre Coimbra e Montemor-o-Velho]”, declarou.

Ao longo da madrugada e manhã de hoje, o nível das águas no vale central do Mondego tem vindo gradualmente a subir, atingindo mais de um metro de altura num dos acessos à vila de Montemor-o-Velho — onde se situam as vias de acesso ao Centro Náutico e povoação de Alfarelos, e a nova ponte das Lavandeiras, estrutura que substituiu uma outra, destruídas nas cheias de 2001 — que, no final da noite de sábado, ainda estavam transitáveis, constatou a Lusa no local.

Carlos Luís Tavares frisou que as autoridades estão também preocupadas com a zona próxima a Montemor-o-Velho, na margem direita — onde a água passa, por um sistema de sifão, para o chamado rio Velho ou leito abandonado, por onde o Mondego corria antes das obras de regularização realizadas no final da década de 1970 — e onde se situa, igualmente, o leito periférico direito, que traz água das zonas a montante e corre paralelo à estrada nacional 111.

Nas cheias de 2001, a rotura dos diques do leito periférico direito destruiu a ponte das Lavandeiras e inundou a vila de Montemor-o-Velho e a povoação de Ereira.

Hoje, na conferência de imprensa realizada para fazer um ponto de situação, o presidente da Câmara de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, frisou que, com a diminuição do caudal do Mondego, “a pressão diminui” sobre as populações da margem esquerda, mas, na margem direita, as populações de Montemor-o-Velho e Ereira têm de estar preparadas para uma cheia. “A situação [na margem direita] é altamente preocupante”, reforçou Emílio Torrão.

Cerca de 200 pessoas do concelho de Montemor-o-Velho que foram retiradas de casa, por questões de segurança, continuam em instituições das localidades de Pereira, Formoselha e Santo Varão, a exemplo de outras 12 do concelho de Soure.

Entretanto, a autarquia de Coimbra, em nota de imprensa divulgada ao início da tarde, indicou que a população das localidades situadas entre as povoações de Bencanta e Ameal, na margem esquerda do Mondego — nomeadamente as localizadas entre a linha ferroviária do Norte e o rio Mondego - “podem regressar às habitações” de onde tinham sido aconselhadas a sair no sábado.

Em causa estão cerca de 80 pessoas que poderão regressar a casa, depois de a Proteção Civil municipal de Coimbra ter recebido “informações de diminuição do risco de cheias e inundações”, refere o comunicado.