CDS e Iniciativa Liberal (quase) ao lado do Chega contra Ferro Rodrigues

Voto de condenação de Ventura ao presidente do Parlamento foi chumbado. Todos votaram contra, com excepção do CDS e do deputado único da Iniciativa Liberal.

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PÚBLICO

A larga maioria dos deputados e partidos recusou condenar as declarações do presidente da Assembleia da República que disse ao jornal Expresso que tem que “parar a tempo” o uso de palavras excessivas como “vergonha” pelo deputado do Chega. O voto de condenação apresentado por André Ventura que criticava Ferro Rodrigues foi chumbado por PS, PSD, BE, PCP, PAN, PEV e Livre.

Ao lado de André Ventura votaram os deputados do CDS (Assunção Cristas não estava presente) e o deputado João Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal. Ao lado ou quase, uma vez que estes dois partidos se abstiveram e depois anunciaram que vão entregar uma declaração escrita sobre este voto. Todos os outros deputados votaram contra.

Quando os deputados do CDS e da Iniciativa Liberal se levantaram ouviram-se gritos de “vergonha” ditos pelas bancadas mais à esquerda, sobretudo do Bloco e muito barulho também no PCP e PS.

No final das votações, João Cotrim Figueiredo chamou os jornalistas aos Passos Perdidos para dizer que tem “total solidariedade” com André Ventura, mas o texto apresentado pelo deputado do Chega é “demasiado panfletário” e “não é digno deste Parlamento”, daí a sua abstenção. “Para um deputado que pede que os casos e incidentes terminem, este voto é o contrário disso”, acrescentou.

João Cotrim Figueiredo acrescentou que vai propor uma alteração ao regimento da Assembleia da República para se disciplinarem os votos propostos e para que sejam aprovados apenas aqueles em que houver um verdadeiro consenso entre os partidos e deputados.

Com este voto contra Ferro Rodrigues, o deputado do Chega estica não só a corda em relação ao presidente como também coloca em xeque todos os outros 228 deputados. Na semana passada, depois de ser chamado à atenção no plenário pelo presidente sobre o uso excessivo da palavra vergonha, Ventura fez questão de afirmar aos jornalistas que recebem solidariedade de muitos dos outros partidos, sem querer nomear ou especificar quais. Agora, o deputado parecia querer que estes assumissem o que lhe terão dito em privado ou tomassem partido por Ferro Rodrigues.

No texto, Ventura argumenta que todos os deputados “gozam de total liberdade para expressar as suas opiniões seja qual for o vocabulário utilizado” desde que respeitem o regimento da Assembleia da República e “não seja objectivamente ofensivo da honra ou bom nome” dos deputados e do Parlamento. Diz que o reparo que Ferro lhe fez foi “de todo em todo injustificado” porque não foi desrespeitoso. Mas o que pretende condenar é que Ferro tenha dito ao Expresso: “Tenho que parar isto a tempo…”

“A que título se arrogará sua excelência, o senhor presidente da Assembleia da República, de ‘parar a tempo’ o que quer que seja no que toca a um deputado eleito pelo povo português? ‘Parar a tempo’ o quê?”, questiona Ventura no texto. No momento da votação, Ferro Rodrigues leu o título do voto como é da praxe e não fez qualquer comentário.

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