Forças Armadas estão a perder quatro militares por dia
Presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas diz à TSF que se está a assistir “à destruição deliberada” das instituições militares.
Entre entradas e saídas, as Forças Armadas Portuguesas estão a perder uma média de quatro militares por dia desde o início do ano, revela nesta quarta-feira a TSF, que cita números da Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP).
Entre Janeiro e Setembro saíram 1220 militares e, segundo a DGAEP, em Setembro deste ano o efectivo atingia os 25.580 militares, menos 4,5% do que no final de 2018 e menos 26% do que oito anos antes em 2011.
O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), António Mota, afirmou à TSF que está a assistir-se “à destruição deliberada” das Forças Armadas, fruto de salários baixos que facilmente são ultrapassados noutros empregos no Estado ou no privado, sobretudo numa altura de crescimento económico.
António Mota acrescenta que 90% destas saídas são de praças que ganham o salário mínimo nacional e que, naturalmente, procuram melhores ordenados fora da carreira militar. “Um militar que que vá para a GNR fica logo a auferir mais 250 euros. Assim ninguém quer vir para as Forças Armadas”, salienta.
“Ainda recentemente uma grande cadeia espanhola de supermercados que abriu a Norte só de uma vez foi buscar cem militares do Exército para fazer reposições”, revela o presidente da AOFA à TSF.
Em Julho deste ano, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas dizia em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença que a situação nas Forças Armadas era “insustentável”. O almirante Silva Ribeiro explicava que com 156 comandos em missão internacional de paz na República Centro-Africana a 10 de Junho apenas sobravam 60 praças no regimento de elite.