Da marrabenta ao pandza, uma história de Maputo para ouvir com o volume no máximo

Setenta anos decorreram entre o nascimento da música popular moçambicana, na década de 1930, longe da vista da administração colonial, e a explosão da sua mais recente reencarnação, turbinada para a era digital. Mingas e ZiQo, dois protagonistas desta saga, recapitulam o que se andou para aqui chegar — e o que continua por fazer.

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ZiQo, uma das maiores estrelas do pandza, género nascido do cruzamento entre a marrabenta e “batidas mais modernas, essencialmente vindas da Jamaica, como o ragga e o dancehall” DR

Volume no máximo, portas escancaradas, tablier a estremecer à mercê dos graves como num prenúncio de tremor de terra, um carro branco mal estacionado é o centro das atenções no estradão de terra batida que faz as vezes de rua principal na Mafalala. Hoje perfeitamente integrado no centro de Maputo, este bairro icónico onde a palavra gentrificação já se começa a ouvir, embora ainda em voz baixa, foi em tempos o epicentro da resistência cultural, independentista, do subúrbio negro, oficialmente segregado da cidade branca — e também o caldeirão onde a música urbana moçambicana entrou em ebulição, na década de 1930, longe da vista das autoridades coloniais mas perto do coração de uma população exuberantemente heterogénea, cruzamento de autóctones expropriados e de migrantes e imigrantes chamados a satisfazer a procura de mão-de-obra barata da nova capital da então província ultramarina.

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