Portugueses menos preocupados com o clima do que os outros europeus
Cidadãos nacionais preferem que a União Europeia dê prioridade ao combate à pobreza e ao crescimento económico, segundo o Eurobarómetro de Outono.
Os portugueses dão menos prioridade política às questões ambientais do que a generalidade dos parceiros europeus, mostram os resultados do Eurobarómetro de Outono, que foram divulgados esta terça-feira. Os cidadãos nacionais revelam, pelo contrário, maiores preocupações com questões económicas, como o combate à pobreza, o investimento e o emprego, entendendo que estas deviam ser primordiais para a União Europeia (UE).
O Eurobarómetro perguntou aos cidadãos da União quais deviam ser as prioridades legislativas do novo Parlamento Europeu. Podiam ser apontadas, no máximo, três áreas. A generalidade dos europeus considerou que o “combate às alterações climáticas e preservação do ambiente, oceanos e biodiversidade” deve ser a principal área de actuação dos deputados europeus nos próximos cinco anos. Foram 32% dos inquiridos a apontar este assunto como primordial. Em Portugal, apenas 26% o fizeram.
O inquérito europeu tinha também duas questões específicas sobre matérias ambientais. Tantos os cidadãos portugueses como a generalidade dos europeus concordam em apontar as alterações climáticas como a sua principal preocupação ambiental: 52% de ambas as populações deram essa resposta.
No entanto, os portugueses parecem desvalorizar a poluição dos oceanos (apenas 16% apontam o tema como central, contra 31% de média da União), em detrimento de maiores preocupações com a água doce: 41% dos portugueses elegem a poluição de rios e lagos como preocupação (apenas 27% o fazem, na generalidade dos europeus), outros tantos apontam a falta de água potável (apenas 21% na UE).
Os participantes foram também inquiridos quanto à recente vaga de protestos sobre o clima liderados por jovens. Quando questionados sobre a possibilidade de essas manifestações contribuírem para mudanças políticas em matéria ambiental, os portugueses mostram-se mais optimistas do que os restantes europeus, já que 68% dos cidadãos nacionais acreditam que haverá alterações nas políticas da UE sobre o clima, enquanto 59% dos europeus mostram a mesma opinião.
Segundo o Eurobarómetro de Outono, para os portugueses as prioridades legislativas da União Europeia verificam-se em matérias económicas. Destaca-se o “combate à exclusão social e à pobreza”, que é a resposta dada por 44% dos inquiridos, mais 13 pontos percentuais do que a média da UE.
Os cidadãos nacionais mostram também mais preocupações do que a generalidade dos parceiros europeus com a criação de condições para o crescimento económico e o investimento (que deve ser prioridade para 30% dos portugueses, e só 18% dos europeus respondem no mesmo sentido) e o combate ao desemprego jovem e a promoção do emprego - 37% indicam-no como prioritário, contra 24% de média europeia.
Em sentido contrário, os portugueses mostram menos preocupações do que a generalidade dos europeus com o desenvolvimento de uma política de imigração comum, com a protecção das fronteiras externas da UE e com o combate ao terrorismo.