Lobo d’Ávila, de crítico de Cristas a candidato à liderança

Ex-secretário de Estado do CDS defende que o partido não deve abandonar os seus valores.

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Filipe Lobo D'Ávila é candidato à liderança do CDS Adriano Miranda

“Só Deus sabe”. Foi com esta frase sobre o seu futuro no CDS que Filipe Lobo d’Ávila se despediu no Parlamento em Março de 2018, consumando assim o afastamento total face à direcção de Assunção Cristas. O distanciamento já existia há muito tempo (desde que foram colegas no Governo) e as críticas foram-se avolumando durante os anos de liderança de Cristas no partido. Filipe Lobo d’Ávila voltou a dedicar-se à sua vida de advogado e esta segunda-feira assumiu-se, no Facebook, como candidato à liderança do CDS no congresso de Janeiro com a ideia de que o partido deve voltar aos seus valores de “referência”.

Na sucessão de Paulo Portas, Filipe Lobo d’Ávila era apoiante de Nuno Melo. Mas o eurodeputado não avançou e a candidata foi Assunção Cristas. O então deputado (foi eleito três vezes – 2009, 2011 e 2015) subscreveu uma moção – Juntos Pelo Futuro – e liderou uma lista alternativa ao conselho nacional no congresso de Março 2016 quando Assunção Cristas colheu a maioria dos apoios e foi eleita líder do CDS.

O mesmo aconteceu dois anos depois, já Assunção Cristas trazia consigo o trunfo dos 21% conseguidos em Lisboa nas autárquicas. O mesmo grupo, do qual o ex-deputado Raul Almeida é porta-voz, apresentou lista alternativa à da direcção e obteve 18, 5% dos votos, elegendo 13 conselheiros nacionais.

Nos últimos anos, o grupo de Filipe Lobo d’Ávila deu voz às críticas sobre a estratégia de Cristas, sobretudo, por se centrar na imagem da líder e por ter optado pelo pragmatismo sem “valores”.

Depois das legislativas de Outubro, abriu-se a sucessão no CDS. Como candidatos à liderança já se tinham posicionado Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento, corrente interna do partido, Carlos Meira, líder da distrital de Viana do Castelo. Este sábado foi a vez de João Almeida, que foi porta-voz do CDS nos últimos anos, de se assumir como candidato. Dois dias depois, Filipe Lobo d’Ávila anunciou, na rede social Facebook, que será candidato e que o seu “tempo de oposição” no partido “acabou”.

Na semana passada, o ex-secretário de Estado da Administração Interna no Governo PSD/CDS (curiosamente cargo a que sucedeu João Almeida em 2013 no mesmo executivo) reiterou, num artigo de opinião publicado no PÚBLICO, a ideia de que o CDS “não deve abandonar – em circunstância alguma – os seus valores de referência: os valores do personalismo e do humanismo, do trabalho e da família, da coesão e da solidariedade, da iniciativa privada e do desenvolvimento, da sustentabilidade e da subsidiariedade, do pluralismo e da meritocracia, da lusofonia e da Europa”.

Dos potenciais candidatos em reflexão só Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, mantém a reserva sobre a sua decisão. 

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