Nas roças, em São Tomé, “éramos obrigados a trabalhar”. “Não tínhamos voz”
Capinar debaixo de chuva com roupa molhada e descalços. Carregar cacau com crianças às costas, no meio do mato, da chuva e de mosquitos. Dormir em cima de um cobertor no chão. Não ter dias de descanso. Sete histórias na primeira pessoa de quem foi “contratado” nas roças de São Tomé e Príncipe numa altura em que a escravatura tinha sido abolida, mas em que o trabalho forçado foi prática. Uma exposição na Assembleia da República recorda este período: O Direito sobre Si Mesmo: 150 Anos da Abolição da Escravatura no Império Português .
Agostinha Semedo Correia recebe-nos em sua casa no Casal da Mira, um bairro de realojamento no concelho da Amadora. A acompanhá-la está a filha Lucinda e o neto recém-nascido, que a avó tem no colo durante grande parte da conversa. Sentamo-nos no sofá de sua casa a ouvir as memórias, por vezes interrompidas com memórias mais recentes que envolvem mostrar fotografias de filhos.
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