Presidente da República diz que caso de recém-nascido “chama a atenção para realidades sociais muito fortes”

Marcelo referiu-se ao caso lembrado que estará em causa “uma maternidade sofrida, ao ponto de haver aquela situação que todos conhecem”.

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EPA/TIAGO PETINGA

“É muito forte a situação dos sem-abrigo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, assim como “é muito forte a realidade da maternidade, que [agora] se sabe também, de alguém que é sem-abrigo" e que é “uma maternidade sofrida, ao ponto de haver aquela situação que todos conhecem”. O chefe de Estado foi questionado pelos jornalistas nesta sexta-feira depois de se saber que a Polícia Judiciária deteve durante a madrugada uma mulher de 22 anos, sem-abrigo, suspeita de ter abandonado o filho recém-nascido num caixote do lixo, na capital. O bebé foi encontrado por outro sem-abrigo, na terça-feira. 

A mulher foi detida pelas autoridades, numa via pública da capital, indicou o director da Polícia Judiciária de Lisboa Paulo Rebelo. O pai não se encontra na cidade de Lisboa ou na região, disse ainda Paulo Rebelo.

Interrogado se irá visitar o bebé, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu essa possibilidade, adiantando: “Se for, combinarei com a senhora ministra [da Saúde] e iremos com quem teve aquele gesto”.

Segundo o Presidente da República, este caso “chama a atenção para realidades sociais que são muito fortes” e “toca muito no coração dos portugueses”.

O Presidente da República falava depois de assistir à cerimónia oficial de entrega de um robô cirúrgico ao Hospital Curry Cabral, o primeiro no Serviço Nacional de Saúde, doado pelo Imamat Ismaili, entidade liderada pelo príncipe Aga Khan.

“Fiquei muito impressionado. Sua alteza, o príncipe Aga Khan, ele próprio experimentou e eu experimentei, e é de facto outro mundo, um salto em frente. E tem um significado muito especial porque é o primeiro robô num hospital público em Portugal”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações aos jornalistas, à saída do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “o Serviço Nacional de Saúde (SNS), além de preocupado permanentemente com o ir ao encontro das necessidades, que mudam e são crescentemente exigentes numa sociedade que muda, também tem de dar saltos do ponto de vista da qualidade científica e tecnológica”.

“Este é um grande salto que só foi possível devido à doação do príncipe Aga Khan, porque implica muito — implica uma transição, implica uma formação, formação cá dentro e lá fora — e é muito significativo que esteja a ocorrer no SNS, portanto, em unidades públicas que estão dedicadas à saúde dos portugueses”, considerou.

Questionado sobre situações nas urgências do SNS, o Presidente da República remeteu essa questão para a ministra da Saúde, Marta Temido, que estava ao seu lado.