Campanha da DGS incentiva portugueses a enriquecer a dieta, “passo a passo”

“Mais de metade da população portuguesa não cumpre a recomendação diária para a ingestão de fruta e de hortícolas”, explicou a directora do programa. E a água está cada vez mais a ser substituída por bebidas com açúcar.

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Mais água, mais fruta e mais hortícolas — estas são as recomendações da DGS Enric Vives-Rubio

A Direcção-Geral da Saúde lança nesta quarta-feira uma campanha para incentivar os portugueses a aumentarem o consumo de fruta, hortícolas, leguminosas e água, enriquecendo a dieta de forma progressiva.

“O objectivo principal é incentivar os portugueses a acrescentar alguns alimentos à sua alimentação, aqueles que sabemos que são os que mais fazem falta”, disse à agência Lusa a directora do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), referindo-se à fruta, leguminosas, hortícolas e água.

Maria João Gregório disse ainda que estes alimentos, segundo o último Inquérito Alimentar Nacional, são consumidos em quantidades inferiores àquelas que são as recomendações para a ingestão diária.

“Mais de metade da população portuguesa não cumpre a recomendação diária para a ingestão de fruta e de hortícolas, (...) nas leguminosas há uma percentagem muito baixa dos portugueses que cumpre com a recomendação e o consumo de água está a ser cada vez mais substituído pelo consumo de outras bebidas de têm açúcar”, afirmou.

A responsável destacou a “divulgação ampla da campanha”, que estará presente a partir desta quarta-feira, e durante três semanas, nas principais estações de televisão, rádios, imprensa nacional e regional, múpis, cartazes em meios de transporte público e em meios online.

Mudar, passo a passo

“O objectivo é sensibilizar para a importância de fazer um reforço destes alimentos na nossa alimentação e ter estratégias que permitam motivar os portugueses a introduzir estas mudanças e dar também competência e capacitar para que consigam atingir aquilo que são os valores recomendados”, explicou.

Maria João Gregório destacou ainda que “esta é uma campanha pela positiva” e que pretende “demonstrar aos portugueses que estas alterações na alimentação podem acontecer de forma gradual, passo a passo”.

Questionada sobre quais os alimentos que estes quatro pretendem substituir na alimentação dos portugueses, Maria João Gregório apontou os “alimentos ricos em açúcar, sal e gordura”, lembrando que “a fruta pode ser um óptimo snack para as refeições intermédias” e que, muitas vezes, só é incluída na sobremesa das refeições principais.

“Estes alimentos [frutas, leguminosas, hortícolas e água] têm baixo valor energético, têm uma elevada densidade nutricional e são ricos em nutrientes muito importantes, que muitas vezes não conseguimos encontrar noutros alimentos”, disse, destacando a fibra, cujo consumo deveria aumentar.

A responsável pelo PNPAS lembra que há alimentos que os portugueses consomem “em quantidades superior às necessidades” e exemplificou: “Reduzir a quantidade de carne e de pescado e utilizar pontualmente as leguminosas como fonte também importante de proteína, quando combinada com outros cereais, como a massa ou o arroz, é uma possibilidade, mas sem deixar de fora nem a carne nem o pescado do nosso padrão alimentar”.

Reconhecendo que as mudanças nos hábitos alimentares são difíceis, Maria João Gregório sublinhou a importância das pequenas alterações, “passo a passo”, explicando que os alimentos a reforçar na alimentação não foram escolhidos por acaso.

A campanha terá cobertura nacional, durará três semanas e será divulgada nas televisões, rádios, imprensa, nacional e regional, em mupis e em cartazes nos transportes públicos, além dos meios online.

“Comer melhor, uma receita para a vida” é o slogan da campanha, que na primeira semana se focará em motivar o consumo de água, na segunda semana o de leguminosas e na terceira e última semana no consumo de fruta e hortícolas.

Segundo o relatório de 2019 do PNPAS, os hábitos alimentares inadequados são um dos principais determinantes da perda de anos de vida saudável pelos portugueses e o baixo consumo de cereais integrais, fruta e frutos oleaginosos são os principais factores que contribuem para a perda de anos de vida saudável.