Trump e Pelosi terminam reunião em clima de guerra: “Consigo, todos os caminhos vão dar à Rússia”

Câmara dos Representantes aprova voto de condenação pela retirada das tropas norte-americanas do Norte da Síria, num raro momento de união entre os dois partidos.

Uma das imagens da reunião partilhadas pelo Presidente Trump no Twitter
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Uma das imagens da reunião partilhadas pelo Presidente Trump no Twitter Casa Branca
A sala de reuniões já sem a delegação do Partido Democrata
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A sala de reuniões já sem a delegação do Partido Democrata Casa Branca

A Câmara dos Representantes norte-americana, incluindo uma larga maioria dos membros do Partido Republicano, aprovou uma moção que condena a retirada das tropas norte-americanas do Norte da Síria, num raro momento de união em Washington contra o Presidente Donald Trump. A decisão acabou por provocar um novo confronto entre Trump e a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

A proposta foi aprovada com 354 votos a favor e 60 contra, incluindo todos os líderes do Partido Republicano na câmara baixa do Congresso dos EUA.

“Às mãos do Presidente, a liderança americana tem passado para segundo plano, e a política externa americana tornou-se numa ferramenta para a prossecução dos seus próprios objectivos”, acusou o congressista Eliot L. Engel, do Partido Democrata.

No Partido Republicano, uma das críticas mais fortes contra o Presidente Trump foi lançada por Will Hurd, um congressista do Texas e antigo agente da CIA que não se vai recandidatar em 2020: “Por causa da sua decisão, decepcionámos os nossos amigos, prejudicámos a nossa segurança nacional e cedemos a liderança na região à Rússia e ao Irão. Espero que consigamos mudar de rumo, mas temo que seja tarde demais.”

Poucas horas depois de o Presidente Trump ter anunciado a retirada de umas centenas de soldados que estavam na fronteira Norte da Síria, na semana passada, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ordenou o lançamento de uma ofensiva contra as milícias curdas que controlavam essa região.

Para além do reforço da influência da Rússia na Síria (e também dos seus aliados, como o Irão), os críticos da decisão do Presidente norte-americano temem que os combates entre turcos e curdos leve ao ressurgimento do Daesh – mais de 10.000 ex-combatentes dos extremistas islâmicos estão detidos em campos controlados pelos curdos, e os combates podem forçá-los a abandonar os trabalhos de segurança.

"Política de terceira"

O voto de condenação na Câmara dos Representantes não obriga o Presidente a mudar de posição, mas levou Trump e a líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, a elevarem ainda mais o grau de desprezo mútuo.

Pouco depois da votação contra a retirada do Norte da Síria, Pelosi e os outros líderes do Partido Democrata e do Partido Republicano nas duas câmaras do Congresso foram convocados para uma reunião na Casa Branca, para serem postos ao corrente da situação no terreno.

A confusão começou assim que o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, citou o antigo secretário da Defesa da Administração Trump, o general Jim Mattis, que se demitiu no final do ano passado em protesto contra o anúncio de uma retirada mais alargada da Síria.

“Sabe uma coisa?”, interrompeu Trump, segundo os relatos citados nos media norte-americanos. “Ele não foi suficientemente duro. Eu capturei o ISIS [sigla em inglês para o Daesh]. Mattis disse que ia levar dois anos. Eu capturei-os num mês.”

Pouco depois, a líder da Câmara dos Representantes disse que a retirada do Norte da Síria deu à Rússia “aquilo que o Presidente Vladimir Putin sempre quis: uma base de operação no Médio Oriente”.

“Consigo, todos os caminhos vão dar a Putin”, disse Pelosi a Trump.

O que aconteceu a seguir é relatado de formas diferentes pelos dois lados, mas o resultado final foi o mesmo: os representantes do Partido Democrata levantaram-se e saíram da sala.

Segundo Nancy Pelosi, o Presidente norte-americano perdeu o controlo e acusou-a de ser “uma política de terceira”; segundo Trump, foi Pelosi quem perdeu a compostura e saiu da sala “com uma crise de nervos descontrolada”.

Enquanto Pelosi e os seus colegas do Partido Democrata saíam da sala, o Presidente dos EUA terá dito: “Adeus, vemo-nos nas eleições.”

A luta entre os dois continuou no Twitter. “A Nancy Pelosi precisa urgentemente de ajuda! Ou tem algo de errado na cabeça, ou então não gosta do nosso grande país. Teve uma crise nervosa descontrolada na Casa Branca. Rezem por ela, é uma pessoa muito doente”, disse Trump, enquanto partilhava fotografias da congressista com um ar abatido e de dedo em riste.

Em resposta, Nancy Pelosi pegou na imagem em que surge de pé e de dedo em riste apontado a Donald Trump e publicou-a no cabeçalho da sua conta no Twitter.

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