Em vez de substituir os produtos de plástico descartáveis por outros produtos também descartáveis, a melhor solução passa pela reutilização, indica um relatório divulgado esta terça-feira, que dá exemplos de sucesso.
O documento, intitulado The Reusable solutions: How governments can help stop single-use plastic pollution, é da responsabilidade das coligações Break Free From Plastic Europe (movimento global criado em 2016) e Rethink Plastic Aliance (aliança de organizações não-governamentais europeias), duas organizações a que a associação ambientalista portuguesa Zero pertence.
O relatório, citado pela Zero, garante que a reutilização é a verdadeira alternativa ao plástico descartável e que pode ser aplicada a pratos, copos, utensílios e embalagens de bebidas e take-away descartáveis.
É que, diz o documento citado pela Zero, na busca de alternativas ao plástico muitas das soluções encontradas até agora não são mais do que a substituição de um produto descartável por outro da mesma natureza.
O relatório dá como bons exemplos de reutilização o copo ReCup, que é usado em cerca de três mil estabelecimentos em mais de 450 cidades na Alemanha, onde é pago um depósito pelo copo que é devolvido mediante entrega num dos estabelecimentos da rede.
Em Bruxelas são evitados todos os anos 1.500 quilos de resíduos de embalagens através da iniciativa Tiffin, embalagens reutilizáveis em metal para take-away, e na Alemanha 99% das garrafas de bebidas de vidro são devolvidas para reutilização.
Iniciativas que privilegiam a reutilização e que têm um impacto positivo precisam de ser apoiadas com políticas públicas, diz a Zero no comunicado, no qual acrescenta: “Promover as soluções reutilizáveis permitirá a Portugal reduzir de forma significativa a poluição resultante da utilização do descartável, reduzirá os custos dos municípios com a limpeza do espaço público e promoverá o emprego local”.
No comunicado, a Zero propõe que se legisle no sentido de tornar obrigatória a utilização de pratos, copos e outros utensílios reutilizáveis nos restaurantes, sempre que o consumo seja feito no local, estabelecendo-se como objectivo a redução do consumo de copos e recipientes para comida descartáveis (take-away) de 50% até 2025 e 80% até 2030.
Entre outras medidas a Zero propõe ainda que sejam introduzidos sistemas de depósitos para embalagens e utensílios reutilizáveis, que se comecem a taxar soluções descartáveis, e que os descartáveis sujeitos a restrições não sejam substituídos por outros descartáveis, como substituir o plástico pelo bambu.