Turista com biquíni “inapropriado” detida e multada nas Filipinas

A “ousadia” valeu a uma turista nas Filipinas uma detenção e uma multa por comportamento indecente.

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Erik de Castro/Reuters

Uma turista taiwanesa foi detida e multada, após se ter passeado na praia de Boracay, nas Filipinas, com um biquíni muito reduzido e fotos suas começarem a surgir em páginas de redes sociais. Segundo as autoridades, citadas pelo jornal Philippine Daily Inquirer, era “literalmente um fio”.

De acordo com a agência noticiosa do país, a PNA, a turista em causa, de 26 anos, provocou o choque entre os que estavam na praia, tendo sido previamente informada pelos funcionários do hotel de que o conjunto de duas peças seria inapropriado. A viajar com o namorado, a mulher decidiu ignorar os conselhos.

“Eles foram avisados pela gerência do hotel, mas disseram que se tratava de uma forma de arte”, informou Natividad Bernardino, directora-geral do grupo de gestão e de reabilitação de Boracay, segundo a PNA. Já o chefe da Polícia Municipal, Jess Baylon, disse que o namorado da detida comentou que “um biquíni fio dental é normal” no seu país, mas que, apesar de acreditar que os hábitos do casal possam ser diferentes, têm de “respeitar a cultura e tradição filipinas”.

A mulher de biquíni branco acabou por ser detida e multada em 2500 pesos filipinos (44 euros), após várias queixas e denúncias de outros que frequentavam a mesma praia por aquilo que descreveram como uma exibição “erótica e lasciva”.

Quando o tamanho conta

Boracay é uma pequena ilha no centro das Filipinas, a cerca de uma hora de voo de Manila, a capital do país, e um dos destinos de praia mais famosos do mundo. 

Na ilha, não é proibido usar biquíni, cujo nome, curiosamente, vem de outra localização “vizinha” no Pacífico (o Atol de Bikini), mas o tamanho poderá ser importante, ainda que os conceitos sejam vagos. “Não há nenhum código de indumentária [que tenha de ser seguido]”, disse Natividad Bernardino à PNA. “Talvez seja apenas uma questão de senso comum”, concluiu.

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Uma das páginas de Facebook, esta de um programa de rádio, onde se discute o tema nas Filipinas

Porém, o senso comum também pode ser um conceito muito lato, e dependente de muitas interpretações. Em 1946, quando o francês Louis Réard — um engenheiro da indústria automóvel, que se rendeu à confecção de lingerie após herdar o negócio da mãe — lançou o primeiro biquíni, não foi fácil encontrar quem o quisesse vestir. Réard, que adoptou o nome “bikini” para a sua criação, aproveitando o facto de os testes atómicos naquele atol do Pacífico terem feito manchetes nessa mesma semana, acabaria por encontrar uma modelo no Casino de Paris: Micheline Bernardini, uma dançarina exótica. Para completar o ramalhete, estampou as peças do biquíni com notícias de jornal.

O resultado foi um sucesso imediato e, como previa o próprio Réard, “uma explosão comercial”. Mas foi sol de pouca dura: no início da década seguinte, o biquíni foi banido de todos os concursos de beleza, tendo sido considerado pelo Vaticano como um pecado. E só voltou depois de Brigitte Bardot aparecer com um no filme E Deus Criou a Mulher (1956), de Roger Vadim, afirmando-se como sex symbol e relançando definitivamente o biquíni como um adereço do dia-a-dia. 

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