Doentes objecto de transplante pulmonar alertam para falta de acesso à reabilitação respiratória

Esta é uma terapia determinante para a recuperação após os transplantes de pulmão.

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rui Gaudencio

A Associação de Transplantados Pulmonares de Portugal (ATPP) alertou para a falta de acesso à reabilitação respiratória, uma terapia determinante na recuperação pós-transplante de pulmão.

Os doentes advertem também, em comunicado, que existe uma resposta insuficiente da parte dos organismos públicos, com listas de espera longas que acarretam custos avultados a quem opta por realizar o tratamento no privado.

“A reabilitação respiratória é um tratamento recomendado no pré e no pós-transplante, mas nem todos os transplantados pulmonares têm acesso a esta terapia, principalmente após a alta hospitalar”, afirma o presidente da associação, Manuel Francisco, no comunicado divulgado a propósito do Dia Europeu da Doação de Órgãos e Transplante, que se assinala a 12 de Outubro.

Segundo Manuel Francisco, “as listas de espera são demasiado elevadas para quem precisa de cuidados diários a este nível e o SNS [Serviço Nacional de Saúde] não consegue dar uma resposta eficaz”.

Dados divulgados pela ATPP indicam que em 2017 foram feitos 34 transplantes pulmonares, mais do dobro de 2015. “Este aumento do número de transplantes, apesar de positivo, torna difícil a resposta após a alta hospitalar”, refere a associação, observando que o Centro Hospitalar Lisboa Central é o único que realiza estes transplantes em Portugal.

Manuel Francisco salienta que, apesar de o número de transplantes pulmonares em 2018 não ter superado o número do ano anterior, “2019 está a superar as expectativas”.

Para o responsável, é “imprescindível” um “maior envolvimento e sensibilização da comunidade médica e dos prestadores de saúde na comunidade para esta problemática”, para aumentar a qualidade de vida dos doentes objectos de transplantes pulmonares, através de uma referenciação mais eficaz para centros de reabilitação respiratória.

O transplante pulmonar está indicado em doentes com doença pulmonar crónica terminal sob terapêutica médica optimizada e que não apresentem contra-indicações.

Segundo dados do último relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, o Programa de Transplante Pulmonar tem crescido de forma consistente nos últimos 10 anos. Desde 2008 foram realizados 192 transplantes.

O último relatório de análise da capacidade instalada de reabilitação respiratória nos hospitais públicos, elaborado pela Direcção-Geral de Saúde, conclui que os programas de reabilitação respiratória existentes são insuficientes para dar resposta à população de doentes elegíveis para beneficiar deste tratamento.

Entre as causas apontadas para esta insuficiência destacam-se o número reduzido de centros, a sua centralização nos hospitais, e em muitos casos na sua fraca capacidade instalada, no que se refere à captação de doentes.

O relatório considera necessária uma maior capacidade de resposta ao nível da oferta de reabilitação respiratória.

A associação salienta que para fazer face às necessidades previsíveis seria necessário evoluir para a prestação de reabilitação respiratória na comunidade, com outros parceiros, possibilitando a prestação deste serviço em contextos alternativos mais próximos do doente, tais como centros de saúde, a comunidade ou o domicílio, com uma interacção continuada entre o doente, o seu médico e as equipas de reabilitação.