A quatro dias das eleições, Tancos não saiu da campanha
PS, PCP e Bloco uniram-se para rejeitar a data proposta pela direita para a reunião da comissão permanente sobre Tancos.
A “geringonça” deu ontem uma prova de que ainda pode funcionar, para o que importa. No Parlamento, durante a conferência de líderes pedida pelo PSD para debater o envolvimento de actores políticos no caso de Tancos, PS, PCP e BE uniram-se para rejeitar uma reunião da comissão permanente antes das eleições, como queria a direita. “Foi a maioria do costume”, ironizou Fernando Negrão, do PSD, à saída da conferência de líderes.
Mais tarde, Ferro Rodrigues haveria de assumir ao PÚBLICO a autoria da proposta “de bom senso e consenso” para que o Parlamento só reúna para a semana, já depois do acto eleitoral. Acrescentou ainda que, se os partidos que representam mais de 50% dos portugueses tivessem proposto diferente, teria convocado a comissão. “Sou, acima de tudo, um democrata. Mas teria apresentado a minha posição.”
Quem não gostou da posição do presidente da Assembleia da República foi a líder do CDS, que não demorou muito a atacar Ferro Rodrigues. “Está mais preocupado em proteger o PS, em proteger o Governo e em proteger esta solução das esquerdas, do que propriamente proteger o Parlamento enquanto instituição democrática”, afirmou Assunção Cristas, em Gaia, após uma visita a uma empresa. “Lamento, porque, de facto, não estávamos habituados a um presidente da Assembleia da República tão parcial”, acrescentou.
Pela CDU, Jerónimo de Sousa considerou que “não tinha grande lógica” fazer a reunião da comissão permanente da Assembleia da República esta semana. “Para a semana há tempo”, defendeu.
E a bloquista Catarina Martins repetiu o que já tem dito: “O Parlamento deve continuar o seu caminho. Não nos opusemos à realização de qualquer reunião, nem nos opomos. Vamos ter uma reunião da comissão permanente na próxima semana, como sugeriu o Presidente da Assembleia da República face ao pedido”, declarou.
O PCP, o BE e o BE manifestaram-se entretanto disponíveis para a constituição de uma nova comissão de inquérito parlamentar sobre o caso de Tancos anunciada pelo CDS-PP.
Carlos César salientou, no entanto, que essa “terá de ser uma deliberação da nova Assembleia que vier a ser constituída”, na sequência das eleições legislativas de domingo.