Dinheiro que sobrou do crowdfunding dos enfermeiros ainda não tem destino

Sobraram 246 mil euros da recolha de fundos para financiar as greves “cirúrgicas”. A maior parte das pessoas que contribuiram quer que o dinheiro seja usado na “luta dos enfermeiros”.

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Nuno Ferreira Santos

O movimento “greve cirúrgica” continua com o dinheiro que sobrou do crowdfunding (financiamento colaborativo) para suportar as paralisações dos enfermeiros guardado numa conta bancária. São 246 mil euros. “Estamos a estudar a situação. Ainda não há muito para dizer. Quando tivermos algo de novo, anunciamos”, afirma Nelson Cordeiro, um dos organizadores da inédita recolha de fundos.  

“Entrar com um processo na justiça” é uma das possibilidades equacionadas, mas “é necessário analisar a viabilidade [desta opção]. Somos um grupo de enfermeiros, não somos um sindicato”, sublinha o enfermeiro que em 2018 criou este grupo em conjunto com quatro colegas. O dinheiro serviu para financiar as duas greves às cirurgias programadas dos enfermeiros dos blocos operatórios de vários centros hospitalares e hospitais públicos, que levaram ao adiamento de milhares de cirurgias, entre Novembro de 2018 e Fevereiro deste ano.

Eram muitas as reivindicações dos enfermeiros em luta, mas poucas foram atendidas, lamenta. “Está tudo igual”, enfatiza Nelson Cordeiro, que acredita que as pessoas que contribuíram com donativos para o fundo não podem pedir a sua devolução. “Como é que iríamos fazer a devolução? Uma parte do dinheiro já foi gasto nas greves”, observa.

Em Julho, depois de vários enfermeiros começarem a sugerir nas redes sociais que o dinheiro que sobrou deveria ser doado a instituições de solidariedade ou a causas como a de Matilde, que foi diagnosticada com atrofia muscular espinhal, os enfermeiros do grupo “greve cirúrgica” decidiram fazer um inquérito a todas as pessoas que contribuiram para o crowdfunding. Das que responderam (a taxa de resposta foi de apenas 19%), quase dois terços votaram contra doar os 246 mil euros a causas sociais. A maior parte defendeu que o dinheiro recolhido devia ser usado para continuar a “luta dos enfermeiros”, o que poderia passar, eventualmente, por um processo contra a tutela.

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