Os gatos parecem-nos, muitas vezes, indiferentes. Desconcertados, avessos, até. Mas isto pode não ser totalmente verdade. Um estudo da Universidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, coordenado por Kristyn R. Vitale, do Laboratório de Interacção Humano-Animal, confirma que, a par das crianças e dos cães, também os gatos se sentem mais seguros com a presença dos seus cuidadores, anulando, por isso, a ideia de que são totalmente solitários.
Kristyn R. Vitale — que assina o trabalho, a par de Alexandra C. Behnke e Monique A. R. Udell — afirma que já sabia que os gatos gostavam de interagir consigo. Mas, em Ciência, “não sabes disso até testá-lo”, confessou ao The New York Times. Decidiu, então, realizar um estudo com gatos.
A investigação foi publicada na revista Current Biology e envolveu 70 gatos – entre os três e os oito meses – e os seus donos, num exercício composto por três fases. Na primeira fase, como se pode ler no estudo, os felinos passaram dois minutos dentro de uma sala com os donos, seguidos de outros dois minutos sozinhos. Num momento final, os donos voltaram a entrar no espaço e 64% dos animais revelaram estar menos stressados nesse momento do que quando estavam sozinhos, demonstrando um equilíbrio entre o característico vaguear e o contacto com o companheiro humano.
“Podemos estar a subestimar as habilidades sociocognitivas dos gatos”, afirmam os autores do estudo, para quem os trabalhos desenvolvidos sobre estes animais demonstram um vínculo emocional dos mesmos com os donos.
“Como os cães, os gatos demonstram flexibilidade social em relação à ligação com os seres humanos”, afirmou Vitale. A principal conclusão do estudo assenta na ideia de que “a maioria dos gatos está firmemente ligada ao dono e usa-o como fonte de segurança num ambiente novo”, comprovando a existência de uma veia social nos gatos.
No entanto, o The Guardian avançou que alguns investigadores não concordam com os resultados deste estudo, nomeadamente Daniel Mills, especialista em medicina comportamental veterinária da Universidade de Lincoln, em Inglaterra. Tendo estudado relações entre humanos e gatos, Daniel afirma que existem falhas neste estudo, como o facto de a experiência não ter sido realizada também com estranhos. Isto para verificar se a resposta dos gatos está ligada à presença humana em geral ou se apenas reagem assim com os donos.