Quem escondeu a Taça de Portugal do Belenenses?

Na “semana do Belenenses”, no PÚBLICO, falamos, agora, das Taças de Portugal conquistadas. Uma delas chegou a desaparecer, segundo nos conta Paulo Sérgio.

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Lusa

O Belenenses, o “velho do Restelo”, conquistou a Taça de Portugal em 1942 e em 1960. Que se saiba, o paradeiro dos troféus dessas conquistas foi sempre conhecido, mas nem sempre foi assim. Antes da bizarria, há, no entanto, um pequeno contexto para fazer.

A 28 de Maio de 1989, o Estádio do Jamor, em Oeiras, recebeu belenenses e benfiquistas para a final da Taça de Portugal. Estima-se que o recinto, então sem cadeiras, tenha recebido bem mais do que as 55 mil pessoas previstas, com espectadores nos muros e corredores das bancadas. O derby lisboeta caiu para o lado dos “azuis”, que somaram a terceira conquista nesta prova — e só as três do V. Setúbal e as cinco do Boavista impedem o clube de surgir, isolado, logo atrás dos três “grandes”. Foi a última grande conquista do Belenenses no futebol nacional.

Nessa tarde, Chico Faria adiantou os “azuis”, aos 25 minutos, com assistência de Juanico, beneficiando da “vantagem” aplicada pelo árbitro após uma falta de Mozer. Mas o jogo só “aqueceu” nos últimos 20 minutos. Aos 72’, Valdo foi expulso no Benfica, pouco antes de o angolano Vata ter feito o empate. Apesar da expulsão de Zé Mário, no Belenenses, Juanico teve um livre directo à disposição e entregou a Taça ao Belenenses, já nos derradeiros dez minutos do jogo. Vinte e nove anos depois, o Belenenses foi grande de novo e a festa foi a preceito. E é aqui que entra, finalmente, o mote deste texto.

Um então jovem Paulo Sérgio, agora treinador de futebol, fazia parte desse plantel vencedor da Taça de Portugal. E lembra-se perfeitamente do que se passou nessa altura. Depois de rodar pelas mãos dos jogadores e de servir de prato para caldo verde, o prémio pela conquista da Taça de Portugal… desapareceu. Em 2019, o “criminoso” ainda anda à solta.

“Na noite das comemorações, a taça andou toda a noite connosco. Lembro-me de o Marinho Peres [treinador] comer caldo verde dentro da taça, por volta das duas da manhã, numa famosa casa da capital. Dois dias depois, tivemos treino e toda a gente andava louca à procura da taça, em especial o nosso querido director Manuel Rodrigues, que pensava que estávamos a gozar com ele. Ninguém sabia da taça”, revelou.

“Um dia depois, parte do grupo jantou junto e fomos visitar dois grandes belenenses, o Cajó e o Luís Represas, ao bar Xafarix. Estava uma noite quente e decidi ir guardar o casaco na mala do carro. Quando abri a mala, quase me dava um ataque cardíaco. Até hoje não sei como — nem quem o fez —, mas andei três dias com a Taça de Portugal na mala do carro e não sabia”.

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