O Google Arts & Culture oferece a gastronomia japonesa numa bento box
O Japão é o novo destino gastromómico no Google Arts & Culture: uma viagem online com receitas, vídeos e uma história que vai do Período Edo às viagens a Marte.
Dos pauzinhos ao saké, das bento boxes à tempura, a comida é algo que atravessa a cultura e o estilo de vida dos japoneses de uma forma que dificilmente terá paralelo noutro país. Muita dela – a começar pelo sushi e o sashimi – tornou-se surpreendentemente familiar para todos nós. Mas será que sabemos tanto quanto julgamos sobre o que comem e como comem os japoneses?
O Google Arts & Culture acaba de lançar uma enorme exposição online, com mais de 3000 imagens, sobre a gastronomia japonesa – à semelhança do que já tinha feito com a espanhola, com que se estreou, e com a nigeriana.
No caso do Japão são saberes ancestrais que estão por trás de pratos enganadoramente simples. Em Meshiagare! Sabores do Japão, veja-se por exemplo o vídeo onde se mostra a forma correcta de fazer sushi, do marinar do peixe à integração do ar no arroz, resultado de uma elegante coreografia de gestos das mãos. Ou a delicadeza dos wagashi, os doces que evoluíram de versões mais antigas vindas da China e que devem reflectir – nas formas, cores e sabores – as diferentes estações do ano.
Os mundos de Tóquio
Para se perceber as origens das tradições gastronómicas japonesas, é importante recuar até ao Período Edo (1603-1868, sendo Edo o antigo nome de Tóquio). Foi, explica um dos artigos do site, uma época na qual a vida das cidades conheceu uma expansão, surgiu uma nova modernidade e um gosto pelas artes, as viagens e a gastronomia. Além disso, a sakoku, política isolacionista que limitava os contactos com países estrangeiros, permitiu “o desenvolvimento de um sentido estético único” que ainda hoje caracteriza o Japão.
A chegada a Edo de um grande número de homens solteiros levou a outro fenómeno: o aparecimento de locais onde se podia comer na rua, muitas vezes de pé, num balcão. Aí serviam-se pratos populares como o sushi (que, nas suas origens, era apenas peixe fermentado com arroz e sal), a tempura (que se acredita tenha sido uma influência portuguesa, embora isso não seja referido aqui) ou a massa soba – todos eles representando uma espécie de fast food da época.
Mas se as gravuras ukiyo-e do período Edo nos ensinam muito sobre os hábitos gastronómicos dos japoneses do passado, o Google Arts & Culture permite-nos muitas outras viagens no tempo e no espaço. Uma delas leva-nos até à Golden Gai do bairro de Shinjuku, que após a II Guerra Mundial assistiu a uma proliferação de bares, todos eles em espaços muito pequenos e que ajudaram a criar uma cultura local muito particular.
Se não quisermos aprofundar tanto os nossos conhecimentos e procurarmos algo mais simples, podemos, em alternativa, entrar no mundo da gastronomia japonesa através de oito frases ou expressões simples, que vão de meshiagare, que quer dizer “bom apetite” a omakase, a “recomendação do chef”.
Das gravuras do século XVII para as actuais mangas – as populares bandas desenhadas japonesas, reflexo de muitos dos mais inusitados fenómenos do Japão – integraram inevitavelmente esta paixão pela comida. E o site oferece igualmente uma imersão nesse universo muito particular, apresentando “oito mangas que lhe vão abrir o apetite”.
Quem se quiser aventurar a cozinhar, também encontra aqui a orientação necessária, com instruções passo a passo para fazer, por exemplo, sushi em forma de bola ou sushi com carapau prensado.
Há uma parte sobre saké e explica-se tudo sobre o complexo ritual da cerimónia do chá. E ainda, entre muitos outros temas, uma explicação sobre o que é o umami, o chamado quinto sabor que foi identificado por um investigador japonês e que dá ao caldo dashi (e a muitas outras coisas) o seu lado viciante.
E se começámos no passado, com a comida do período Edo, terminamos com o futuro porque a Agência de Exploração Espacial Japonesa está a desenvolver comida que pode ser levada para o espaço, estudando, entre outras coisas, como será possível que humanos que venham a habitar a lua ou Marte possam continuar a comer ramen ou bolas de arroz e assim não percam uma das coisas que torna a vida na Terra particularmente atraente.