O galo Maurice pode cantar quando bem lhe apetecer, decidiu o tribunal

Os donos de uma casa de férias na ilha francesa de Oléron queixaram-se de que o galo cantava cedo demais. A decisão judicial saiu agora: este “símbolo da França rural” pode continuar a cantar.

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Corinne Fesseau e Maurice Reuters/REGIS DUVIGNAU
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Maurice tornou-se uma celebridade mundial Reuters/REGIS DUVIGNAU
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T-shirt a apoiar a causa Reuters/REGIS DUVIGNAU
Saint-Pierre-d'Oléron
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"Eu apoio Maurice" Reuters/REGIS DUVIGNAU
Galo
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Corinne Fesseau e Maurice Reuters/REGIS DUVIGNAU

Maurice, o galo, estava sob acusações sérias. Os vizinhos mais próximos, um casal que ali possui uma casa de férias, acusava-o de ser barulhento e de cantar demasiado cedo. Ele e companhia, incluindo o cão, mas também as buzinas e a música. Tudo junto, um “dossier do barulho”, um “incómodo sonoro”, apontaria o advogado da acusação em tribunal. O caso tornou-se paradigmático em França, país onde o galo é considerado um símbolo nacional, elevando-se a uma guerra dos mundos (rural vs. urbano), entre as visitas vindas da cidade em busca de uma imagem idílica de campo e os moradores do campo real. Maurice, galo da ilha de Oléron, seria mesmo elevado a símbolo da França rural. Esta quinta-feira, o tribunal deliberou a “seu” favor – e multou os acusadores. 

“É uma vitória para todos os que estão na mesma situação que eu”, comentou a dona do galo gaulês, Corinne Fesseau, que vive em Saint-Pierre-d'Oléron há 35 anos. “Espero que crie um precedente”, cita a AFP.

Assim que foi acusado oficialmente de perturbar a paz campestre dos vinhos, Maurice tornou-se uma celebridade mundial – uma petição a favor do galináceo chegou a atingir perto de 140 mil assinaturas, foi criando merchandising e milhares de cartas de apoio chegaram de todos os pontos do mundo, conta a Reuters.

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O galo Maurice Regis Duvignau/Reuters

A audiência do caso decorreu em Julho e no tribunal de Rochefort os advogados de Corinne tiveram que defender que a acusação era “ridícula”, porque “os galos fazem parte da vida do campo”.

Ainda assim, a dona do animal contou, refereLe Monde, que chegou a tentar acalmá-lo, até pondo lençóis sobre a sua capoeira.

Agora que a situação se resolveu legalmente, Corinne Fesseau pergunta: “Porque não uma lei Maurice para proteger todos os ruídos naturais do campo”?

Maurice venceu a batalha em tribunal Regis Duvignau/Reuters
Mensagem de apoio ao galo Regis Duvignau/Reuters
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Maurice venceu a batalha em tribunal Regis Duvignau/Reuters

Uma ideia que já cá canta há algum tempo: Bruno Dionis du Sejour, presidente da câmara de outra comuna francesa, Gajac, escreveu uma carta aberta em Maio defendendo precisamente isso – incluir os sons do campo, do badalar dos sinos ao cantar dos galos e mugidos das vacas, na lista do património francês, defendendo assim a banda sonora da vida rural contra quaisquer queixas semelhantes, cada vez mais frequentes. Particularmente em zonas como a de Saint-Pierre-d'Oléron, em que a comuna de sete mil habitantes durante boa parte do ano passa a mais de 35 mil no Verão.

O tribunal, além de ter decidido que os queixosos não conseguiram provar que Maurice fosse um incómodo, multou-os em mil euros, a serem pagos por danos a Corinne.

Depois de uma temporada de fama e nervos – e trabalho, tendo chegado a criar a associação Les Coqs d’Oléron en Colère (os galos de Oléron em fúria) , a dona do galo, satisfeita com a decisão, confessou à porta do tribunal estar “sem palavras”, “sem voz”. Felizmente, pode sempre contar com a voz do seu galo: está visto que agora é que ninguém cala o Maurice.

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