Convento do Carmo, em Moura, vai ser hotel em 2022 ao abrigo do Revive

É o nono edifício adjudicado do Revive, o programa lançado pelo Governo em 2016 para a requalificação do património do Estado com iniciativa privada. Serão precisos seis milhões de euros para transformar o primeiro convento da Ordem dos Carmelita da Península Ibérica num hotel com 50 quartos.

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O Convento do Carmo, na cidade raiana de Moura, no Alentejo, vai ser transformado num hotel de quatro estrelas ao abrigo do programa Revive, anunciou esta quarta-feira o Ministério da Economia. É o nono edifício adjudicado deste programa que o Governo lançou em 2016 para a requalificação do património do Estado com recurso a empresas privadas que ficam depois com a concessão para a sua exploração turística. 

A transformação do convento — construído em 1251 e o primeiro da Ordem dos Carmelita a ser fundado na Península Ibérica para receber os capelães da Ordem dos Militares de São João de Jerusalém regressados da Terra Santa — num hotel com cerca de 50 quartos ficará a cargo da portuguesa Sociedade de Promoção de Projectos Turísticos e Hoteleiros (SPPTH), que gere já o Convento do Espinheiro, em Évora. O investimento estimado é de cerca de seis milhões de euros, estando a sua abertura prevista para 2022. 

Este edifício, localizado no centro histórico de Moura, próximo do castelo e da biblioteca municipal, assim como o conjunto que engloba a igreja e o claustro do convento está classificado como imóvel de interesse público desde 1944.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Moura, Álvaro Azedo, lembrou que, no âmbito do Revive, tinham sido já lançados concursos que ficaram desertos, congratulando-se por isso com o desfecho de mais uma etapa para a recuperação do convento, que considera “um projecto de futuro importante” para o concelho. “Queremos apostar no turismo e não temos aqui outro projecto desta dimensão e desta qualidade”, realçou o autarca, notando ainda que o convento é especialmente acarinhado pela população. Ali, contou, funcionou o antigo Hospital de Moura e os habitantes “estavam todos muito desalentados com o estado de degradação” a que chegou o imóvel. “Vai ter outro uso, é certo, mas as pessoas sentem-no como seu, porque muitos de nós nascemos naquele convento e este é o investimento certo para lhe dar uma nova alma”, argumentou o autarca.

Dali saíram os monges para Lisboa

“Dos primitivos edifícios, em estilo gótico, pouco resta na actualidade”, diz o caderno de encargos do projecto. Tal sucedeu porque o convento sofreu profundas transformações ao longo do século XVI, com a construção da igreja, dos claustros e das capelas. Foi também ganhando vários elementos decorativos manuelinos e renascentistas, que coexistem com os poucos vestígios góticos​. Foi deste mosteiro que partiram os frades que fundaram o Convento do Carmo de Lisboa, a convite de D. Nuno Álvares Pereira, o Condestável de Portugal, e posteriormente que partiram também os frades para as fundações dos Conventos do Carmo de Colares e da Vidigueira”, descreve ainda o documento. 

O edifício prepara-se agora para ter nova vida, a reboque do programa conjunto dos ministérios da Economia, Cultura e Finanças, e de várias autarquias locais, que pretende captar o interesse de empresas privadas com fins turísticos para a reabilitação de património público classificado, na sua maioria abandonado ou em parte devoluto. Faz parte do grupo de 33 imóveis da primeira fase do Revive, dos quais até ao momento, foram lançados 18 concursos, detalha o Governo. Desses, metade está adjudicada.

Estão abertos os concursos para a concessão do Mosteiro de Lorvão, em Penacova, do Castelo de Vila Nova de Cerveira e do Forte da Ínsua, em Caminha. Os próximos concursos a serem lançados serão os relativos ao Mosteiro de Travanca (Amarante), Santuário do Cabo Espichel (Sesimbra) e Forte da Barra de Aveiro (Ílhavo), diz a nota do Ministério da Economia. Apenas um edifício — o Convento de São Paulo, em Elvas – já está requalificado. Abriu portas em Junho como hotel. 

Mesmo faltando lançar ainda concursos para 15 edifícios, o Governo resolveu partir para uma segunda fase do programa e apresentar mais 15 imóveis que quer ver requalificados. Por altura deste anúncio, em finais de Julho, o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, assegurou que o Revive está “completamente em velocidade de cruzeiro”, notando que têm sido abertos concursos e celebrados contratos regularmente, e que todos estão “muito satisfeitos” com a capacidade de execução do programa.

“Estes imóveis estão abandonados há muitas décadas, não têm utilização, o estado de conservação não era conhecido e não sabíamos quais os elementos a preservar numa reabilitação e quais os acrescentos ao longo dos séculos, que não têm valor patrimonial. Cada um destes imóveis teve um trabalho muito aturado de estudo e de levantamento. E envolveu muitas entidades da Administração Pública”, disse então Siza Vieira ao PÚBLICO, justificando assim a demora no lançamento dos concursos de exploração dos edifícios que integram a primeira fase do programa.

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