ANA reduz combustível a aviões em Lisboa, serviços mínimos estão “bastante abaixo”
Até ao momento não houve necessidade de cancelar voos com partida do aeroporto Humberto Delgado.
Os aviões com partida do aeroporto Humberto Delgado em Lisboa estão a ser abastecidos com menos combustível. A informação é dada pela empresa ANA, gestora do aeroporto, que diz ter sido forçada a reduzir o abastecimento de aeronaves porque os serviços mínimos não estão a ser cumpridos.
“Pelo que estamos a observar, no Aeroporto Humberto Delgado, o ritmo de abastecimento verificado até agora, é insuficiente, em níveis bastante abaixo do estipulado para serviços mínimos, tendo sido já implementadas restrições à operação, nomeadamente na redução de abastecimento de aeronaves”, lê-se num comunicado distribuído pela empresa.
Até ao momento, não foi necessário cancelar voos com origem na capital portuguesa, disse fonte oficial da empresa ao PÚBLICO. A mesma fonte afirmou ainda que, até ao momento, não houve serviços de transporte para substituir as tais entregas previstas no pacote de serviços mínimos e que, segundo a ANA, não estarão a ser cumpridos. A opção foi condicionar o abastecimento, trabalhando a questão em conjunto com todas as companhias aéreas envolvidas em operações nesta segunda-feira.
Isso significa que, nesta altura, é uma decisão de cada companhia assegurar o voo ou não. Pode dar-se o caso de o abastecimento permitido em Lisboa ser suficiente ou cada transportadora pode optar por fazer uma escala técnica no percurso para novo abastecimento, caso haja essa necessidade.
O Governo está a avaliar a situação e pondera se decreta uma requisição civil, segundo adiantou esta tarde o primeiro-ministro, António Costa, à saída de um encontro com o Presidente da República em Belém. Costa mencionou os problemas no aeroporto de Lisboa como um exemplo do que diz ser o “incumprimento dos serviços mínimos”.
Segundo o líder do executivo, na passagem da manhã para a tarde houve uma “alteração significativa do cumprimento generalizado” dos serviços mínimos que haviam sido fixados pelo Governo. Por causa disso, revelou António Costa, já se recorre a motoristas da PSP e da GNR para garantir o transporte de combustíveis. Costa disse ainda que o Algarve é uma das zonas mais afectadas pelas consequências desta greve.
O Conselho de Ministros tem reunião agendada para esta tarde para decidir se avança ou não com a requisição civil dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas, que iniciaram às 0h desta segunda-feira uma greve “por tempo indeterminado”, tendo já sido marcada uma conferência de imprensa para as 19h na Presidência do Conselho de Ministros.
A requisição civil pode não ser total, segundo António Costa, isto é, poderá ser dirigida a empresas, sectores e/ou regiões onde o nível de incumprimento dos serviços mínimos seja maior. Dada a falta de acordo entre patrões das empresas de transporte e motoristas, o Governo fixou os serviços mínimos e, de entre eles, incluiu o abastecimento total de aeroportos e aeródromos (para serviços prioritários).
Os trabalhadores romperam com o processo negocial encetado em Abril, quando quase pararam um país impreparado com as consequências de uma greve desta classe profissional, e voltaram à paralisação. Reclamam melhorias salariais mais céleres.