CCP alerta para risco de greves sistemáticas de vários grupos profissionais

Confederação do Comércio e Serviços de Portugal mostra-se preocupada com eventuais consequências da greve dos motoristas marcada para a partir do dia 12 de Agosto.

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Rui Gaudêncio (arquivo)

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) alertou esta terça-feira para o risco de o país começar a ser confrontado sistematicamente com greves de várias categorias profissionais e manifestou-se indisponível para “multiplicar” negociações e acordos.

Num comunicado onde considera que o Governo se tem esforçado por encontrar soluções que permitam ultrapassar a actual situação, a CCP afirma, porém, que há “um momento para negociar e um momento para decidir”, cabendo ao executivo tomar as decisões tendo em conta “o grave prejuízo” para a economia e para as empresas “que resulta desta greve”, marcada para iniciar-se em 12 de Agosto e decorrer por tempo indeterminado.

Alertando para os “riscos subjacentes a uma negociação a todo o custo”, a confederação liderada por Vieira Lopes entende ainda que, “a partir deste momento, o país corre o risco de estar sistematicamente confrontado com greves de categorias profissionais muito específicas a que os instrumentos negociais dificilmente podem dar resposta, sob pena de se introduzirem distorções na política salarial de sectores e empresas”.

No mesmo comunicado é referido que esta confederação, as empresas e seus representantes “não estão disponíveis para multiplicar negociações e acordos, desvalorizando um esforço de décadas de uniformização de condições de trabalho nas empresas”.

A confederação patronal alerta ainda para o “problema complexo” da “multiplicação de novos sindicatos cujas origens e motivações nem sempre são facilmente perceptíveis”.

Depois de uma greve em Abril que deixou os postos de abastecimento sem combustível, em Maio, foi feito um acordo entre patrões e Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) que prevê uma progressão salarial, com início em Janeiro de 2020, e que inclui um prémio especial, passando assim de uma retribuição base de 630 euros para 1.400 euros fixos, mas distribuídos por várias rubricas.

Já em 15 de Julho foi marcada nova greve pelos sindicatos SNMMP e Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM), acusando a Antram de não querer cumprir o acordo assinado em Maio.

Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em Janeiro de 2020, 800 euros em Janeiro de 2021 e 900 euros em Janeiro de 2022, o que, com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em Janeiro de 2020, 1.550 euros em Janeiro de 2021 e 1.715 euros em Janeiro de 2022.

Esta greve ameaça parar o país em pleno mês de Agosto, uma vez que vai afectar todas as tipologias de transporte de todos os âmbitos e não apenas o transporte de matérias perigosas. O abastecimento às grandes superfícies, à indústria e serviços deve ser afectado.

Também se associou à greve o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

O Governo terá que fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da Antram terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.