Trump congela activos da Venezuela nos EUA
Medida pode condicionar empresas que façam negócios com o regime de Maduro, e agravar a tensão com a China, já ao rubro por causa da guerra comercial.
Um decreto do Presidente Donald Trump congelou todo os activos do Governo venezuelano nos Estados Unidos, uma decisão que traduz uma escalada da pressão diplomática e económica sobre o regime liderado pelo socialista Nicolás Maduro, num momento em que o desafio lançado pelo opositor Juan Guaidó caiu num impasse.
O documento assinado por Trump vai muito para além das sanções que têm vindo a ser impostas contra a petrolífera estatal, PDVSA, e o sector financeiro estatal venezuelano, bem como figuras e entidades do regime, diz a Reuters. Proíbe empresas norte-americanas de fazer negócios com o Governo de Caracas e parece também abrir as portas a sanções contra empresas ou indivíduos estrangeiros que apoiam o regime de Maduro. Estas medidas entram em vigor imediatamente.
Empresas russas e chinesas estão entre as que têm ainda trocas comerciais significativas com a Venezuela, bem como a Turquia, Cuba e o Irão. O alcance da medida surpreendeu até alguns aliados da Administração Trump. “Isto é em grande”, disse Anna Quintana, analista da Heritage Foundaton, um think tank conservador com sede em Washington.
Fernando Cutz, um ex-conselheiro de Trump para a América Latina, diz que este decreto pode ser aplicado a empresas e entidades que não sejam norte-americanas: se quiserem continuar a fazer negócios com empresas e bancos dos EUA, ficarão limitadas nas suas relações com a Venezuela. Este poderá ser mais um factor de tensão entre Washington e Pequim – cujas relações estão já bastante inflamadas por causa da guerra comercial, disse Cutz, agora da consultora Cohen Group.
Numa carta enviada ao Congresso, Donald Trump diz que o congelamento dos activos venezuelanos se torna necessário “devido à contínua usurpação do poder pelo regime ilegítimo de Nicolás Maduro, e aos abusos dos direitos humanos, prisões arbitrárias de cidadãos venezuelanos, restrição da liberdade de imprensa e tentativas de desautorizar o Presidente interino Juan Guaidó”.
Na quinta-feira, Trump tinha dito que estava a considerar impor um bloqueio, ou uma “quarentena”, à Venezuela, embora não tenha explicado como poderia esse bloqueio ser imposto, ou durante quanto tempo. Mas há frustração porque as sanções usadas até agora não conseguiram fazer virar o exército contra Nicolás Maduro, nem parecem ter tido efeito para o afastar do poder, que seria o objectivo final.
John Bolton, o conselheiro para a Segurança Nacional de Donald Trump, deverá fazer esta terça-feira um discurso em Lima, no Peru, onde delineará um plano dos EUA para uma transferência de poder pacífica na Venezuela. Será na uma conferência internacional, onde se reúnem representantes de mais de 50 países. Portugal estará representado pelo embaixador em Lima.