Geração 360º
Onde está a liberdade se o Jovem 360º se vê limitado por uma economia que tem apenas baixos salários para lhe oferecer ou se a actual emergência climática coloca em causa a sustentabilidade de muitos territórios no futuro?
Geração 360º
Cada geração tem características que a define e características que a diferencia das demais, das anteriores e das que a sucederão. Por isso, ouvimos recorrentemente falar em definições correspondentes a várias fases geracionais desde os Millennials (nascidos após 1980 até meio dos anos 90), à geração Z (fim dos anos 90 até 2010) ou a Alpha (nascidos após 2010). Mas o que une todas estas gerações que são o presente ativo na construção do futuro?
O que as une não é apenas o acesso à tecnologia e ao mundo através de um ecrã, a adesão fervorosa às causas que sentem como suas ou sentido de pertença ao mundo global. São a geração que terá de construir uma sociedade humanizada num contexto cada vez mais digital e de inteligência artificial. São eles a Geração 360º. O padrão que veio para ficar. E a política onde entra junto de jovens preocupados e mobilizadores, mas maioritariamente afastados da política tradicional?
O Jovem 360º é o jovem para e com quem hoje falamos de política, de sociedade e de futuro: o jovem que não olha apenas para o que está à sua frente, mas que cuida do que está ao seu redor. É o jovem que é inteiro nas diversas componentes da dimensão humana. O Jovem 360º é o jovem que quem faz política deve compreender e sonhar, que vai desde o nascimento até à idade adulta com uma linha condutora de valores. O Jovem 360º de hoje será o adulto 360º de amanhã.
Aquele que se mobiliza e apaixona pelas causas de cidadania e responsabilidade social, não descurando o seu percurso profissional. O jovem que sabe que os seus antecessores lhe entregaram um mundo e o quer preservar para os seus descendentes, porque apesar de respeitar e valorizar o seu país, reconhece as mais-valias dos intercâmbios de experiências, sentindo-se em casa em qualquer cidade no mundo. Porque o mundo é a sua causa.
Ao contrário da narrativa que cola as novas gerações num egoísmo cívico, muitas são as pesquisas e estudos que revelam a preocupação com o ambiente, o bem comum, a sustentabilidade, o voluntariado e o associativismo.
O desafio que nos surge hoje é claro. Como é que este jovem plástico, flexível, diversificado, versátil, com acesso constante à informação, desligado das formas tradicionais de fazer política, pode ser motivado a participar na definição do futuro que é de todos? Esta é a pergunta que urge fazer, e é a responsabilidade de todos colocá-la e respondê-la, sobretudo neste que é um tempo próximo de eleições legislativas em Portugal.
Será necessário, a quem faz política, abdicar dos seus princípios e ideais para conseguir atrair estas novas gerações? A resposta é: claro que não. Se estamos convictos de que determinado princípio é a ideia-chave das nossas propostas, o desafio prende-se em como o fazer chegar ao Jovem 360º. Como o convencer de que as decisões políticas são determinantes e têm impacto na sua vida e nas causas em que tanto acredita e pelas quais tanto se move.
Não há uma resposta única ou absoluta, mas acredito que criar uma ligação entre uma proposta ou política e o impacto real na vida do Jovem 360º, será certamente a forma mais eficaz de o fazer participar politicamente, nomeadamente no próximo ato eleitoral. Pensar a forma de comunicar e de os envolver tem de ser o game changer. É imperativo que se acompanhe a evolução do Jovem 360º, através de novas formas de envolvimento com a política.
Acredito na liberdade, na igualdade de oportunidades e na felicidade como fins últimos da política. Acredito que, pertencendo também eu a esta que é aquela que defino como geração 360º, esta é a visão transversal da minha geração sobre o que a política é. Importa que isto não sejam meras palavras bonitas num discurso ou num texto. Importa que sejam realidades concretas, objetivos transformados em causas reais para a nossa Geração.
Onde está a liberdade se o Jovem 360º se vê limitado por uma economia que tem apenas baixos salários para lhe oferecer ou se a actual emergência climática coloca em causa a sustentabilidade de muitos territórios no futuro? Como pode existir igualdade de oportunidades se o Jovem 360º não consegue estudar noutra cidade porque os pais não conseguem suportar os custos do alojamento? Será feliz o Jovem 360º que não se consegue emancipar e avançar com a sua independência?
Está na hora de conseguirmos aproximar e envolver a Geração 360º na Política. As próximas eleições de 6 de Outubro são mais uma oportunidade que não podemos desperdiçar. O Jovem 360º sou eu e és tu. Estamos Juntos.